terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Rancho ou Feijoada

Na semana passada, calhou fazer um estufado de grão de bico com frango que, não sei porque carga de água, me recordou de rancho. Já não pensava em rancho há mais de 25 anos. Não era uma comida que fosse frequente no repertório lá de casa e também não é das coisas em que pense e deseje, mas o inesperado aconteceu finalmente. Comecei a investigar as receitas de rancho nos meus livros de culinária e tirou-me o apetite: grão de bico, batatas, e macarrão. Este último não posso comer e não confio que as versões de massa feitas à base de tubérculos tenham a consistência necessária para aguentar o prato. Um outro inconveniente é que andar a comer grão de bico duas semanas seguidas parece-me enjoativo. Optei então por feijoada.

Durante o fim-de-semana recolhi os ingredientes necessários em dois supermercados (o primeiro não tinha toucinho) e lá fiz a minha feijoada no Domingo à tarde. Como fiz dose industrial, comprometi-me a fornecer o jantar à família da minha vizinha, que é a minha família de apoio durante a pandemia. Atrasei-me um bocado e só ficou pronto às 18:10, logo a mãe dela já tinha comido. Também estava com receio que a mãe comesse feijoada ao jantar porque é um prato pesado e ela está tão fraca e mais para lá do que para cá. Achei mais aconselhável que o prato fosse consumido durante o almoço de hoje.

Foi um sucesso: ao almoço comeu duas doses (feijoada com arroz branco, à boa maneira portuguesa) e ao jantar voltou a comer dado o sucesso do meio-dia e apesar das minhas reticências. Achei engraçado que um prato tão tipicamente potuguês lhe agradasse tanto, especialmente numa altura em que já tem tanta dificuldade em comer e beber. Não só acaba com fluídos nos pulmões, como muitas vezes recusa comida. Comprometi-me a fazer uma sopa para amanhã: vou meter carne de vaca, toucinho, batata, cenoura, nabo, e couve. Bem sei que é uma sopa inventada, mas é um bom veículo para ela consumir proteína e líquidos. E por lá gostam muito das minhas sopas.

2 comentários:

  1. Também tens a versão alentejana que é grão à campaniço que acho muito melhor do que o rancho.
    Só conheci rancho já adulta na minha sogra e também sempre achei esquisito misturar grão com massa (ela não põe batata). É isso e comer arroz doce como sobremesa de refeição. Para mim arroz doce é lanche que a minha avó (da beira baixa) fazia para os netos todos quando passávamos lá o verão, e tirava-se do frigorífico. Só mais tarde me deparei (outra vez, na sogra) com hábito de ser sobremesa, ainda por cima morno. Que sentido faz almoçar arroz ou esparguete ou batata com bife e depois acamar com mais arroz à sobremesa? Às vezes também há a versão "arroz doce" com esparguete (aletria) e essa então é abominável, quando esfria parece gelatina com minhocas 😅.
    De qualquer modo, eu tenho uma receita de arroz doce (de uma prima minha de Foz Côa) que tem uns segredos e que é sempre considerado o melhor arroz doce.
    (Feliz Natal!)

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    1. A minha avó materna fazia um arroz doce que era considerado muito bom: versão de Coimbra, para ser cortado à fatia, e que era oferecido pelas noivas quando se casavam. Ela chegou a fazer o arroz para as noivas oferecerem. Eu não sei fazer assim e até preferia a parte de lamber as cascas do limão quando estava ainda morno. Agora já não posso comer arroz, dado que o meu sistema imunitário reage.

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