A entrada anterior da Rita Carreira, a respeito da vergonhosa ‘Nota de Direção’ do DN (seguir este link e ler a nota final), é certeiríssima, em especial, quando pergunta:
Mas, ainda assim, é branda. A notícia original é uma sacanice. O jornalista põe entre aspas uma citação corrompida, objectivamente, inventando um facto. Em cima dessa invenção, descontextualizou a falsa citação. De seguida, com base no facto forjado e na descontextualização feita, constrói toda uma notícia cheia de insinuações. E depois, quando desmentido, a direcção do jornal tem a lata de escrever uma ‘Nota de Direção’ onde não lamenta o erro e não pede desculpas nem aos leitores nem ao visado. Pior ainda, culpa a vítima por se ter recusado a prestar declarações sobre um processo que está em julgamento. Canalhice nem perto chega de descrever a forma de actuar do DN neste caso.
E, claro, no fim, fica a pergunta, se um jornalista corrompe um testemunho oficial, que é de livre acesso, ao Ministério Público, que confiança pode alguém ter para lhe prestar informações ao telefone?
André Azevedo Alves vê neste episódio apenas um sintoma de que o jornal está reduzido a “um órgão de propaganda, ainda por cima mal feito, quase sempre mal escrito e sem qualquer respeito pelos leitores nem pelos visados nas 'notícias' que vai publicando”. Permito-me discordar desta apreciação geral, pelo menos para já. O jornal tem jornalistas que prezo. Por exemplo, disse-me o Fernando, as notícias publicadas sobre assuntos relacionados assinadas por Valentina Marcelino são peças informativas e bem informadas.
Sou daqueles que consideram que a qualidade dos serviços se mede pela capacidade de se corrigir quando as coisas correm mal. Esta ‘Nota de Direção’ demonstra que o director do jornal, André Macedo, cauciona esta forma de actuar. A direcção do DN finge que não percebe que há um dever de reserva e que não é razoável que um ex-Secretário de Estado ande a responder pelos jornais ao advogado de um antigo subordinado seu que está acusado de 80 crimes.
Naturalmente, enquanto a direcção do DN se mantiver, nem mais um cêntimo meu vão ver. Já mandei um e-mail a cancelar a minha assinatura.
Espero que eles se emendem porque isso seria bom para o país, mas não suspenderei o meu fôlego enquanto espero.
ResponderEliminarNunca percebi o fascínio pelo DN. Com o maior respeito que tenho por alguns jornalistas do ou saídos do mesmo, sempre achei um jornal fraco, de má leitura (e graficamente fraco), que não se percebia bem se tinha aspirações nacionais ou regionais (uma espécie de JN mais "intelectual" para Lisboa e arredores).
ResponderEliminarComo tal, o que se passou com o Fernando Alexandre não me admira.
Se fosse só o DN a escrever romances onde os leitores procuram notícias estariamos bem.
ResponderEliminarApenas para subscrever os comentários dos caros, Rita Carreira, Carlos Duarte e NG. De facto, será imprudente suspender o fôlego. O DN é um jornal fraco, quase tão fraco como o JN. Verdadeiramente, toda a imprensa escreve romances em lugar de notícias.
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