Regressei noutro dia para ver Rothko e fiz questão de ir à tal mesa para ter uma "conversa" com a antologia de Frank O'Hara. Desfolhei mais páginas, li mais poemas, e decidi comprar o livro. Mais, decidi saber mais sobre o homem: fiz buscas na Internet, vi vídeos dele a recitar poemas no YouTube, vi vídeos de entrevistas de outros poetas acerca dele, li entradas em blogues, etc. Frank O'Hara era um homem fascinante, que vivia a vida como se estivesse num estado de constante fome. Era gay assumido, não deixando que isso o inibisse de viver a vida como queria -- hoje em dia, isso pode parecer banal, mas O'Hara morreu em 1966, com 40 anos. Durante a sua vida, O'Hara era mais conhecido pelo seu trabalho no mundo da arte, do que pelos seus poemas.
Um dos posts que encontrei e que achei mais interessante foi o de Andrew Epstein a propósito da notícia da morte do poeta. O The New York Times publicou um óbito de O'Hara e uma notícia acerca do seu funeral, que contou com a participação de 200 pessoas, muitas delas ligadas ao mundo da arte. O jornal enganou-se na forma como Frank morreu e deu erros ortográficos nos nomes de algumas das figuras presentes, como John Ashbery, Edwin Denby, e David Shapiro. Numa das edições do NYT, chegou a referir-se os amigos do falecido como os "muitos amigos barbudos e desengravatados do Sr. O'Hara" ("many bearded, tieless friends of Mr. O’Hara.")
O NYT é hoje um dos bastiões do politicamente correcto, assumidamente liberal, com grande cobertura e respeito pelos direitos da comunidade LGBT, por exemplo. Em 1966, há 50 anos, portanto, era mais como os media conservadores de hoje.
Deixo-vos com um excerto do poema de Frank O'Hara, que está no post do Andrew Epstein, e que me comove bastante:
When I die, don’t come, I wouldn’t want a leaf
to turn away from the sun — it loves it there.
There’s nothing so spiritual about being happy
but you can’t miss a day of it, because it doesn’t last.
~ Frank O'Hara
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não são permitidos comentários anónimos.