terça-feira, 29 de setembro de 2015

Nojo

O último post do Zé Carlos fez-me recordar algumas coisas de 2011. Nas últimas semanas do Governo Sócrates, eu acordava todos os dias e a primeira coisa que fazia, ainda dentro dos lençóis, era pegar no meu telefone e ver se Portugal já tinha pedido ajuda à Troika. Finalmente pediu e eu suspirei de alívio porque era tão nítido que o país estava na berma de um precipício. Com o pedido comprámos tempo e tempo era a coisa mais preciosa.

Quando o novo governo tomou posse em Junho, encontrou os computadores do antigo governo todos limpos e demorou muitas semanas a tentar reproduzir a informação que tinha sido apagada. Os juros estavam muito altos, quanto mais tempo Portugal demorasse a recuperar o pé, mais dinheiro deveria em juros.

António Costa está rodeado pelas pessoas que fizeram isto. Só sinto nojo delas...

19 comentários:

  1. E, como dizia o Maquiavel, a melhor maneira de avaliarmos um líder é olhar para as pessoas que estão à volta dele.

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  2. Rita, quando se fala do governo actual fala-se de um governo que tem como Vice-Primeiro Ministro Paulo Portas, que é conhecido pelos documentos que levou com ele, quando saiu do Ministério da defesa de um anterior governo. Podes sentir muito nojo, mas não há grandes motivos para ser muito selectiva no nojo.

    PS Nunca tinha ouvido falar nisto que escreves. Consegues apontar alguma fonte?

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    1. Acho que o Portas não levou os documentos, levou cópias dos documentos

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    2. Não percebo. Se eram dele, porque não os levou simplesmente? Se não eram dele, mas sim do ministério, por que tirou cópias? Era informação pública? Se era, porque não mandou as cópias para os jornais. Se não era, com que autoridade as tirou?

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    3. Mas, ainda estou a tentar perceber que história é esta de terem andado a apagar discos duros? Sabes do que se trata? Por que motivo não houve acusações públicas e não há, que eu saiba, processos em tribunal a decorrer?
      Não dá para argumentar que os membros do anterior governo são inalcançáveis pela justiça, pois não?

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    4. Não te sei responder. De qualquer maneira, é uma situação diferente da descrita pela Rita. O Portas não "limpou" a informação, pelo menos eu nunca o vi a ser acusado disso. O que ele fez é estranho, não deve ser uma situação normal, mas pelos vistos não é ilegal, com certeza fê-lo a pensar na sua defesa pessoal

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    5. Luís, está na RTP, aqui: http://www.rtp.pt/noticias/pais/limpeza-nos-computadores-dos-ministerios-das-financas-e-economia_n456403

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    6. Muito interessante. Nesse site, segundo um assessor do anterior governo é, ao contrário do que eu pensava, uma prática comum a limpeza de ficheiros e informação quando se passa de um governo para outro. Como é que se fez então um escabeche tão grande com as cópias de documentos que o Portas fez? Isto mostra bem, parece-me, a maneira como somos manipulados. Há informação, como esta, que passa despercebida e outra, que afinal não é nada do outro mundo, como o caso Portas, que parece, ou pareceu na altura para muita gente, uma vergonha sem nome

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    7. Isto é mesmo interessante por diversos motivos. Um deles é que se fica a perceber porque é que isto não foi um escândalo. Esta prática é tão comum que é mesmo o organismo responsável pela gestão da rede informática do Governo que fez isto. Ou seja, não foram os responsáveis dos ministérios que estiveram lá a apagar as suas informações. O que retiro daqui é exactamente o que o Zé Carlos disse, é mesmo prática comum. Ou seja, o nojo é (ou devia ser) para os dois lados, tal como te disse de início.

      Zé Carlos, não penso que seja comum teres a actuação de PPortas. Simplesmente, não é comum teres um ministro, com o acesso à informação confidencial que tem (ainda por cima ministro da defesa) a passar horas seguidas a tirar fotocópias de documentos sem qualquer controlo. Mas, como disseste acima, deve ter sido para se defender. É essa a explicação mais razoável.

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    8. PS Fiz o último comentário baseado no 'post' que escreveste a seguir, porque não cheguei a conseguir ver o vídeo.

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    9. Não, de facto não é "normal" que um político se queira defender das acusações que lhe fazem e que para isso fique com cópias dos documentos das decisões em que tomou, para depois poder provar a sua versão dos factos (até parece que não se fez dos submarinos um caso nacional).

      Não, "normal" é limpar a informação toda para o próximo governo andar aos "papéis" durante semanas enquanto ao Estado está à beira de se lhe acabar o dinheiro.

      Vocês é que não são normais.

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    10. Eia, não há como estar perto das eleições para ter isto cheio de comentários.
      In fact, muito obrigado pela sua resposta e espero que continue a comentar depois de dia 4. Também por estarmos em eleições, é importante deixar claro o que dizemos.
      Se for ler os meus comentários, não verá que eu não digo em lado nenhum que é normal andar a apagar os ficheiros. Aliás, ninguém o disse pelo que não percebo as suas aspas, não vejo quem possa estar a citar. Aliás, como é evidente dos meus comentários, eu considerei isto tão pouco normal que nem me pareceu possível e pedi a fonte da informação. Uma vez revelada a fonte, ficámos a saber que esta perfeita anormalidade é comum. Mas, mais uma vez, como se pode ler no meu comentário, eu não disse que era normal, pelo contrário, disse que era um nojo. Apenas acrescentei que o nojo não devia ser selectivo.

      Quanto ao que diz que PPortas fez, de tirar cópias para se defender de uma possível acusação, não é um facto. Que eu saiba Portas nunca explicou por que o fez. Se me quiser corrigir e apontar uma declaração de PPortas a explicar este seu procedimento, eu agradeço(até porque estou mesmo interessado). Portanto apenas podemos especular. Pode parecer-lhe normal, não sei. Eu não acho e gostaria que houvesse uma explicação.

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    11. "Que eu saiba Portas nunca explicou por que o fez."

      Também nunca ninguém explicou porque é que os comentadores e os media o acusaram, apesar de ele nunca ter sido sequer arguido, ao contrário de outros que estão presos e de que não se deve falar, porque não se pode misturar a política com a Justiça (quando não convém!).

      Quer continuar a hipocrisia, ou ficamos por aqui? Podemos continuar a "especular", se quiser.

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    12. "Quer continuar a hipocrisia, ou ficamos por aqui?"

      Se quero continuar com esta hipocrisia? Caro "In fact", desejo-lhe boa sorte.
      Forte abraço.

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    13. Luís, eu tenho nojo deles todos. Como eu escrevi há algum tempo, eu não tenho representação política em Portugal. Não gosto de nenhum...

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  3. A “limpeza” informática não pôs em causa qualquer documento oficial já que, OS DOCUMENTOS OFICIAIS ESTÃO PROTEGIDOS NUM SISTEMA DE ARMAZENAMENTO QUE PASSOU PARA O NOVO EXECUTIVO, escreve o “i”.
    http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/governo_de_soacutecrates_limpou_computadores_antes_de_sair.html
    (30 Junho 2011, 08:40)
    (a) Isidro Dias

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    1. Pois é normal haver servers onde se metem as back-ups, o que torna a prática de apagar os computadores ainda mais escandalosa porque não adianta nada. É mesmo só para empatar os que vêm a seguir...

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  4. Rita, a palavra “nojo” guardo eu para quem cortou as pensões dos meus pais a um ponto em que dependem agora do filho para ter uma vida mais ou menos normal (sem envolver o luxo de férias) uma prática que estava já quase desaparecida desde há meio século em Portugal. Não é exatamente para quem mandou reinstalar o sistema operativo em computadores de ministérios, apenas dificultando a recuperação dos dados guardados (informações, contactos, etc), sem mexer em documentos oficiais. Eu, como vivo em Portugal tenho se calhar uma noção diferente acerca do que merece ou não tanta indignação. Desculpe o paternalismo, mas foi preciso.
    Não entendi uma coisa no seu último comentário: é mais escandaloso a prática de apagar os computadores quando há back-ups, do que quando não há back-ups?.... say what?!;)

    Pedro

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