segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Um erro

Cícero, talvez o maior orador da Antiguidade, usava sempre uma técnica: centrava o discurso num ponto (ou pontos) em que ele realmente acreditava. Os argumentos racionais, a lógica, de pouco servem se o orador não acreditar convictamente no que diz. O que convence é a convicção, assim pensava este génio político.
Cícero que me perdoe, mas lembrei-me disto a propósito da posição oficial de Passos Coelho e do PSD relativamente à baixa da TSU acordada em sede de concertação social. É um erro político, porque Passos não acredita nos argumentos que está a apresentar e, por isso, não convence. Quando muito, convence os eleitores fiéis do partido e os que detestam a geringonça. Fora isso, não vai conquistar um voto que seja dos flutuantes. Pelo contrário. Vai afugentá-los. É uma jogada política descarada, com objectivos demasiado óbvios - entalar a geringonça. E a política para ser eficaz depende da perspicácia que esconde.

2 comentários:

  1. Aceitando que o Passos Coelho não ganha votos, parece certo que também não perde. Todavia, marca presença nesta coisa da política, onde a prova de vida é muito importante. E, por este lado, parece que só tem a ganhar...

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    1. Prezado Tiro ao Alvo, talvez tenha razão porque estas coisas são sempre imprevisíveis, mas duvido. Por isso, acho que, a longo prazo, o melhor em política é manter uma linha coerente ou pelo menos que pareça coerente e esta posição do Passos parece incoerente com posições recentes. Decidiu arriscar, mas talvez tenha arriscado demais

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