Hoje recebi uma notícia muito engraçada que veio no Expresso. Parece que o governo português está interessado nos portugueses que estão nos EUA e quer que eles regressem. Por um lado, a comunidade portuguesa, diz a notícia, está muito bem inserida nos EUA e tem rendimento acima da média; por outro lado, a comunidade portuguesa está a sofrer nos EUA porque muitos estão no país ilegalmente e não têm acesso a cuidados básicos.
Que o cidadão comum tenha esta ideia dos EUA é perfeitamente compreensível; que o governo português a tenha demonstra o quão idiota são as pessoas que governam Portugal. É claro que não havia dúvidas que os governantes portugueses eram idiotas porque manter um país da UE a empobrecer há vinte anos mais do que o demonstra. E se o povo português desejasse algo mais do que idiotas, já teria feito alguma coisa nesse sentido, afinal o governo governa com o consentimento do povo.
Mas vamos por partes, pois não sei muito bem o que pensar de portugueses que vêm para os EUA e não se sabem virar. Reparem que há imensos imigrantes ilegais de países bastante mais pobres do que Portugal, com escolaridade mínima inferior a Portugal, e que se sabem orientar: sabem que há sítios em que se pode obter seguro de saúde independentemente do estatuto de imigração, sabem que se estão em apuros e precisam de ser repatriados, basta entregarem-se às autoridades americanas, etc.
Se os americanos se interessassem por gente com este nível de cultura geral, não poriam restrições no acesso à imigração e esta gente poderia facilmente vir legal para os EUA. Se Portugal quer esta gente de volta, bem haja a quem os queira. A mim não me convém nada ter conterrâneos ignorantes e sem desenvoltura a trabalhar nos EUA, pois diminui o meu potencial salarial. Repatriem o pessoal, se faz favor.
Finalmente, há algo que não compreendo: isto de Portugal querer repatriar os imigrantes ilegais que estão nos EUA é rapto, não é? Ninguém obrigou esta gente a vir para a América e, se quisessem voltar, podiam fazê-lo voluntariamente, logo como é que se pode justificar a intervenção do governo português?
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