Segundo Freud, existe um “acto falhado” quando dizemos ou
fazemos coisas que tentámos recalcar, ou seja, que tentámos empurrar para o
inconsciente, mas que, às vezes, inopinadamente, emergem. É uma expressão
involuntária de sinceridade. Freud dá um exemplo. Um empregado ia brindar ao
seu chefe, que não era muito popular, era aquilo a que se pode chamar um
sacana. O empregado levantou-se, elevou o copo solenemente e disse:
«Convido-vos a arrotarem pelo nosso chefe».
É, por vezes, cómico assistir aos actos falhados dos nossos
políticos, as tais expressões involuntárias de sinceridade. Passos Coelho, na Assembleia da República, riu-se a bandeiras despregadas de Paulo Portas quando um deputado comunista gozava com “o partido dos contribuintes”;
recentemente, chamou várias vezes ao CDS/PP “o partido da oposição” e elevou
Dias Loureiro a modelo a seguir para quem quiser singrar na vida, etc. António
Costa, perante uma plateia de chineses, elogiou os progressos de Portugal desde
2011 e saudou, com entusiasmo, a vitória do Syriza nas eleições gregas em
Janeiro.
Para saber o que lhes vai realmente na cabeça, é útil
estarmos atentos aos actos falhados dos políticos. Nesses momentos, aproximamo-nos mais da verdade.
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