O Estádio do Braga é uma obra de arquitectura incrível. Há dois sítios onde tento sempre levar as minhas visitas: ao Bom Jesus e ao estádio do Braga.
Ainda me lembro de, em 2003, dar como exemplo de desperdício dos dinheiros públicos os estádios construídos para o Euro 2004 - penso que o estádio do Braga foi o estádio, em preço por lugar, mais caro. Isso é ainda mais chocante pelo facto de se situar numa região relativamente pobre, onde as prioridades deviam ser outras. Os alunos olharam-me hostilmente, como quem dizia: "este gajo não gosta do SC Braga!"
Continuo a achar um absurdo que em Portugal se façam construções destas - mas há em nós um gosto por edifícios icónicos (veja-se o edifício da Fundação Champalimaud ou a Casa da Música), que convivem com construções de terceiro mundo. Os nossos arquitectos agradecem e,diga-se que, em abono da verdade, têm aproveitado essa oportunidade. Souto Moura ganhou o Pritzker e o estádio do Braga foi mencionado. E o SC Braga fez a melhor década de sempre neste estádio. Mas ainda assim continuo a achar um absurdo, por muito fascinantes que sejam do ponto de vista arquitectónico, estes colossos num país como Portugal. Mas as nossas elites gostam muito.
Caro Fernando Alexandre,
ResponderEliminarJá estou farta de Soutos Moura, Pritzker e afins.
O Estádio do Braga é uma aberração porque não cumpre devidamente da sua função - sentar de forma o mais possível confortável os adeptos que assistem aos jogos e protegê-los dos fenómenos metereológicos. Em vez disso, é um túnel de vento que deve ter por finalidade fornecer os Hospital de S. Marcos com "clientes".
Eu tenho todo o respeito pela Arquitectura com disciplina, mas não tenho pachorra para os extremos da mesma: nem para, como o caso citado, a forma ser superlativa à função, nem para o inverso (a função sem qualquer consideração pela forma). No primeiro caso, que se dedicassem a ser escultores ou pintores, no segundo, que vão licenciar obras para a Câmara da Covilhã e ser primeiro-ministro (honra seja feita, o "visado" nunca se arrogou de ser arquitecto).
Nós temos diversas escolas de arquitectura no país, algumas bastante conceituadas. Porque não, nestes casos, ressuscitar o conceito de concurso? Em que os estudantes/finalistas/jovens arquitectos concorreriam às obras, com um prémio monetário no final? Em que as obras seriam julgadas por um júri "misto", envolvendo arquitectos, engenheiros e pessoas que representem os utilizadores?
Para ter coisas bonitas e que não servem - e, pegando noutro exemplo, na Estação do Oriente em Lisboa que serve para tudo menos para estação de comboio e eu que o diga que passei lá várias noites durante a Expo -, ainda por cima a preço de ouro, há, de facto, melhores sítios onde gastar dinheiro.
O Estádio do Braga pertence à categoria de coisas que não tem preço. Bem hajam os portugueses que tiveram a coragem de desafiar a avareza medrosa por cuja vontade, se mandasse, Portugal e o Mundo pouco mais seriam que pedras e mato.
ResponderEliminarTem toda a razão. Não tem preço mesmo! Aquilo nem dado...
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