segunda-feira, 30 de maio de 2016

Um modelo económico esgotado

No Blogue da Fundação Francisco Manuel dos Santos os autores de Crise e Castigo procuram responder a uma questão colocada por alguns leitores (incluindo um comentador habitual da Destreza, Isidro Dias):
afinal o modelo seguido nos anos 80 e 90 foi ou não um bom modelo?

4 comentários:

  1. Pergunta de um ignorante: para aquilo que chamam "castigo", deu maior contributo algum modelo económico que tenha sido escolhido ou um deficiente controlo de volume de crédito, seja por taxas de juro desajustadas, seja por ausência de medidas macroprudenciais, seja por se terem lembrado de apertar com os rácios de capital dos bancos quando já tinham dado com os burros na água? E o que impediu alguém de, num período de crédito farto e com ainda muita mão-de-obra disponível, apostar na economia de bens transaccionáveis?

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  2. Caro Fernando Alexandre, já em meados dos anos '90 havia muito quem alertava, e bem, para o erro do modelo económico escolhido. Tanto por ser um modelo que tem, por si, inerentemente, prazo de validade muito curto como por lançar os estímulos errados para a economia, tanto para os investidores como para as pessoas. O que aconteceu a Portugal em 2011 era vislumbravel desde meados dos 1990s e uma certeza a partir aí de 1998-99. Foi um modelo assente no consumo desde o princípio, consumo tanto do Estado como das famílias, tendo a produção sido relegada para lugar terciário ou pior. O Fernando Alexandre não se lembra dos tempos em que se desdenhava na industria (a agricultura então era vilipendiada) e se dizia muito ufanamente que isso da industria não interessava para nada e o futuro estava era nos serviços? A ironia é que nem os serviços se desenvolveram por manifesta impossibilidade de tal acontecer.

    É interessante comparar Portugal e a Irlanda em vários aspectos e tem-se falado muito das comparações referidas agora aos últimos anos. Seria importante, porém, comparar desde muito mais atrás. Talvez desde 1990 e já vou sendo generoso.

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  3. Dito de outra maneira: é mais útil o alívio expiatório do "castigo" sobre as opções políticas escolhidas livremente pelos portugueses, que parece percorrer todo o livro (menos o prefácio, curiosamente), ou o questionamento do papel que entidades não eleitas, no conforto de Franckfurt e de Bruxelas, parecendo muitas vezes actuar com a técnica científica da bola branca bola preta, tiveram no desfecho que tornou Portugal uma nação irrelevante. Já vi no texto, e muito bem, citações de Victor Constâncio a dizer que estava tudo bem e sob controlo,com uma casa em chamas ao fundo do cenário. Acho que vai sendo altura de carregar mais nessas tintas, em vez de juntar gente à multidão que dá pontapés num vulto caído.
    May, 2008, "The ECB actually raised rates, which I found stunning and inexplicable. We wouldn't make the same mistake, ..." Timothy Geithner, Stress Test, 2014

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  4. Este artigo vem ao encontro de aspectos que me têm interessado. Obrigado.

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