"Mário Centeno garante que o governo está a trabalhar “com grande afinco” na consolidação das contas públicas e pede “paciência” e “tempo” para que “as reformas estruturais feitas nos últimos anos se materializem”, o que ajudará a acelerar o crescimento e a redução da dívida."Fonte: Observador
Expliquem-me lá o que pensar deste governo. António Costa teve um fanico quando perdeu as eleições e, para formar governo, pseudo-coligou-se com dois partidos que são absolutamente contra as reformas que foram implementadas pelo governo PSD-CDS. Passámos os últimos meses a reverter medidas do governo anterior e esse parece continuar a ser o caminho futuro para que a pseudo-coligação sobreviva. Agora, Mário Centeno anuncia que as reformas anteriores irão produzir efeitos?!? Surgem na minha cabeça duas conclusões:
- Este governo não tem legitimidade, pois toda a sua plataforma assenta em virar a página das políticas seguidas pelo governo anterior, que dizem ter sido erradas;
- Se a paciência é comprada com as reformas do governo PSD/CDS, então o governo actual admite que a sua política actual não surte efeito nenhum.
O futuro próximo de Portugal vai ser assim: vão esgotar a boa vontade da União Europeia e do BCE e depois, quando as taxas de juro mundiais começarem a aumentar -- e as da dívida portuguesa já estão --, vão olhar para esta altura e concluir que desperdiçaram mais uma oportunidade. Quantas mais oportunidades pode o país dar-se ao luxo de desperdiçar?
Pode desperdiçar quantas os seus eleitores acharem por bem desperdiçar. Chama-se democracia.
ResponderEliminarA mim até dá jeito ter um país pobre onde me reformar. É da maneira que tenho uma reforma mais faustosa...
EliminarCom tantos países remediaditos e até alguns pobres aí para Sul, uns quantos muito, muito agradaveis, umas quantas ilhas simpáticas também, logo havias de pensar em Portugal para a reforma! Tss tss...
EliminarVoltando agora ao customeiro fato cinzento... Sabes, Rita, é uma coisa engraçada que tenho reparado em ti e já antes de aqui escrever o notava. Nota, não é uma crítica, de todo em todo dado ser algo em que não há certos nem errados. De toda a gente que conheço ou «conheço» e que tem saído de Portugal, no teu caso então que já saíste há tantos anos, és, de longe, muito longe, a pessoa com maiores ligações a Portugal, que mantém maior proximidade afectiva, tudo isso. Não me surpreende que penses voltar um dia, de todo. Mas acho interessante notar isto. Terás, certamente, os teus motivos mas acho curiosa a dissonância em relação à maioria das pessoas que «conheço» e conheço, da nossa geração. Alguns, aliás, já não têm, sequer, qualquer ligação e não vão a Portugal há vários anos. Um renunciou à nacionalidade Portuguesa. Cortaram totalmente os laços. Vejo com curiosidade o teu empenho na manutenção da ligação.
Coitado do Mário Centeno.
ResponderEliminarCoitados de nós.
EliminarNa realidade não é de todo claro que seja necessariamente como diz.
ResponderEliminarPode-se pensar que:
a) as medidas seguidas anteriormente (mesmo que tenham sido corretas na altura) demoram tempo a dar frutos, pelo que é preciso paciência enquanto isso não ocorre. Tanto quanto sei o PS não indicava no programa que todas as medidas foram estruturalmente erradas (embora criticasse o seu timing e nível de aplicação).
b) Algumas (não todas) das medidas actuais (vamos ser generosos e dizer que não são aquelas que ainda não deram frutos) necessitavam de ser revertidas/adaptadas por serem medidas extraordinárias e sem suporte legal para existirem de forma sustentada (vide as sobretaxas que mesmo a PaF indicava que ia reverter, sendo a discussão com o PS em termos de timing para o efeito).
Não estou a dizer com isso que a politica atual vá surtir algum efeito benéfico futuro (acho que mesmo o Centeno já se resignou a isso - independentemente de fazer ou não sentido "estimular o consumo" e pessoalmente acho que não faria grande bem, a verdade é que o governo atual não o está a fazer, pelo que atacá-lo por isso é estranho).
O que o governo atual está a fazer em termos económicos (e que foi o que fez o governo da PaF no último ano antes das eleições) é simplesmente a tentar não causar demasiadas ondas / apagar os fogos mais urgentes, à espera que as coisas melhorem a nível Europeu... Pode ter ou não sorte, não acredito que tenha, mas não está, a nível económico, a fazer nada diferente do que fez a PaF "depois da troika".
Este governo está a tentar não causar muitas ondas? Então estão sempre a armar embrulhadas. Não é a UE que vai fazer o país crescer; é a confiança que os portugueses têm na economia. Se o objectivo é não fazer ondas, escolheram não fazer ondas para o lado errado.
EliminarEu acho que não é a confiança, Rita; é dinheiro na carteira, mesmo. Eu andei anos a ouvir palestras vocacionais sobre as virtudes do sacrifício e que apenas podemos depender de nós próprios, sem ajuda da UE, blabla, e olhe, não resultou em ninguém que eu conheça. Não sei de nenhum sistema melhor para fazer crescer um pais do que ter dinheiro e fazer consumo, coisas de que as senhoras e os cavalheiros não podem falar à mesa, eu sei, mas que são eficazes. Até os do FMI, e são de Washington, lá longe de Bruxelas, já perceberam que a UE é liderada por tipos estranhos, com uma compreensão um bocado rígida da vida. Mas se calhar merecemos. Houve uma vez um gajo que perguntou por aqui porque raio o défice teria de ser 3% e não outra percentagem e foi olhado como doido pelos seus próprios compatriotas.
EliminarSó me lembro de uma área em que está a reverter algo (com implicações económicas potencialmente substantivas) que a PaF não reverteria: a legislação laboral, nomeadamente na contratação coletiva. Esse é sim um ponto em que os eventuais efeitos positivos das alterações ainda não se teriam feito sentir e os custos (em termos de aumento de despedimentos) já foram pagos, pelo que não me parece econonomicamente muito esperto fazê-lo... mas como sabemos é uma das condições do apoio de esquerda ao governo, pelo que dificilmente poder-se-ia evitar.
ResponderEliminarIsto dito, sinceramente nunca me pareceu que os problemas do mercado de trabalho em Portugal sejam principalmente causados pela legislação laboral de contratação coletiva...
Não há muito que pensar. Uma conversa para dentro, outra para fora. Agradar ao interlocutor.
ResponderEliminarMas se há duas conversas é porque uma delas é mentira...
EliminarPelo menos uma, melhor dizendo.
EliminarA verdade não agrada a ninguém: não dá votos, nem satisfaz os credores. Como precisam de ambas as coisas... temos isto.
EliminarDe qualquer das formas, comentando o seu artigo e não o ministro, ninguém vai encarar esta situação como uma oportunidade perdida, nem governantes, nem governados.
EliminarSe houver algum lamento é da impossibilidade/inconveniência de mais reverter, e voltar às mesmas apostas falhadas.
Momento "Bipolar"?
ResponderEliminar-A psicologização e a psiquiatrização do quotidiao, aceites por alguns mercadores de tretas, nem todos de fora da Psicologia, levam a distrações a que alguns respondem, com alguma propriedade, "a sua tia!".