Li a crónica do Henrique Raposo no Expresso (Requiem do Machos, 2/9/2017) e acho que, depois disto, ele passou a ser Esquerdolas. A primeira ideia que o texto me suscitou foi que, se o Henrique tivesse escrito sobre este tema há décadas, teria dito mal das revistas pornográficas e defendido a prostituição. Antigamente, os rapazes faziam-se homens indo ao bordel, depois vieram as fotos pornográficas, as revistas, os vídeos, e a ida ao bordel caiu em desuso. Ora, eu acho bem que os rapazes possam ir ao bordel e, por isso, defenda-se a legalização da prostituição. Só um rapaz assexuado é que andaria a ver revistas e vídeos às escondidas dos pais, quando podia ir ao bordel ver e fazer tudo a cores e ao vivo.
Também acho que os machos precisam de correr e saltar. Por um lado, ficam mais elegantes e atraentes -- por exemplo, o Kyle Krieger acima na foto. A falta de atleticismo dos homens devia ser criminalizada. É muito chato ir pela rua e não ver homens fodíveis a torto e a direito; aliás, viva a igualdade, pois se as mulheres têm de se produzir e ser gostosonas, distribuindo externalidades positivas, os homens também porque assim também deixariam de ser assexuados, como diz o Henrique.
A actividade física tem uma outra vantagem, pois melhora a circulação sanguínea, o que permite que os homens aguentem mais tempo a ter relações sexuais. Como é que alguém pode ser contra os homens conseguirem pinar mais vezes e durante mais tempo? Eu não, por isso, corram à vontade. A bem dizer, devíamos incentivar as mulheres a vestir mais lingerie de cabedal e a usar um chicote para ajudar os homens a fazer mais exercício físico. E seria melhor se eles rosnassem um bocadinho para parecerem mais selvagens, mais próximos da masculinidade à brutamontes, que o Henrique acha tão defensável.
Não há grande diferença entre ver mulheres nuas e fodinhas em revistas, cassetes de vídeo, ou na Internet; pelo contrário, o prazer é comparável, mas a Internet é muito mais eficiente a produzir conteúdo. Talvez o Henrique ache que a Internet tenha sido um retrocesso financeiro para a pornografia, pois agora há tantas mulheres e homens que se exibem nus e a ter relações sexuais na Internet, que já nem faz sentido pagar-lhes muito e é muito fácil ser free-rider, o que é uma falha de mercado. Se calhar, o Henrique sentir-se-ia mais à vontade se tivesse de pagar; mas não seja por isso, pois também há conteúdo pago online e ninguém impede que as pessoas partilhem as passwords de acesso umas com as outras às escondidas para aumentar o frisson.
Só discordo num ponto: a juventude actual não é assexuada. Ou o Henrique não sabe usar o Google para procurar pornografia e ver do que a casa gasta actualmente ou tem vergonha que alguém lhe confisque o tablet e vá ver as moradas de IP a que acede e o envergonhe na praça pública. Ora, caro Henrique, porque terás tu vergonha de dizer que és um ávido consumidor de pornografia online, quando consumir pornografia é uma forma de ganhar medalhinhas de masculinidade para meter ao peito?
É bom descarregar o stress. O tornado já passou e tudo correu bem para os seus lados.
ResponderEliminarFico contente por não lhe ter acontecido nada de especial.
Já agora, as suas amigas que consomem pornografia também usam as medalhas de masculinidade ao peito?
Escrevo uma coisa a apontar falhas de lógica de alguém e você acha que o escrevo por causa do stress de um furacão. Quantas vezes é que eu escrevo críticas sem que haja furacão algum por perto?
EliminarAcho difícil presumir que as mulheres usam pornografia para se compararem umas com as outras em termos de masculinidade. Mas é interessante que você ache que uma mulher que vê pornografia é masculina. E as que fazem vídeos pornográficos também são masculinas? Pergunto isto não por ser mulher, mas por virtude de ser economista -- interesso-me pelo comportamento alheio.
"quando consumir pornografia é uma forma de ganhar medalhinhas de masculinidade para meter ao peito"
EliminarNão fui eu que escrevi...Apenas comentei.
E o stress já acalmou.