“Quando
eu caía, uma grande quantidade de mulheres corria, cacarejando e lamentando-se
como um grupo de galinhas-mães desoladas. Era muita gentileza, e agora aprecio
essa solicitude, mas, na época, ficava ressentida e muito embaraçada com tal
interferência. Porque elas partiam do pressuposto de que nenhum acontecimento
rotineiro quando se anda de patins – um graveto ou uma pedra -, se teria
colocado entre as rodas dos meus. A conclusão era inevitável: Eu caía porque
era uma pobre e impotente aleijada.
Nenhuma
delas gritava com raiva “aquele perigoso cavalo selvagem derrubou-a!” – o que, Deus
o perdoe, era a verdade. A minha queda do cavalo foi como uma horrível visita
fantasmagórica aos meus velhos dias de patins. Todas as pessoas lamentavam em
coro: «Aquela pobre menina caiu!»”
Erving
Goffman, in Stigma – notes on the management of spoiled identity
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