Durante um século, os
economistas clássicos andaram a discutir a origem do valor das coisas. Com os
chamados marginalistas, no último quartel do século XIX, concluiu-se finalmente
que o valor não está nas coisas, mas sim nas pessoas. Hoje, pode parecer
estranho que se tenha demorado tanto tempo a chegar a essa conclusão. Mas, de
facto, não foi fácil aceitar a não existência de uma fonte objectiva para o
valor, como o trabalho, o lucro, a terra. A perda da valia intrínseca – o facto
de que tudo deixa de possuir valor objectivo, independente da avaliação mutável da oferta e da procura – e a relatividade universal – o facto
de que uma coisa só existe em relação a outras – são inerentes ao próprio
conceito de valor. Talvez esta relatividade ou relativismo tenha provocado uma grande
inquietação e lamentação naqueles primeiros génios da ciência económica. Talvez
lhes fosse difícil suportar a perda de medidas e padrões absolutos, de deixar
de medir através de réguas, normas e padrões.
De vez em quando falo com amigos em Portugal que estão deprimidos por causa do emprego ou por causa de salários baixos ou por causa de desemprego e eu digo-lhes que o problema não são eles; o problema é a conjuntura onde eles se encontram. Se estivessem noutro sítio ou noutra época teriam muito mais sucesso. O factor sorte é muito mais determinante do que o factor esforço ou o factor talento.
ResponderEliminarConcordo. O lugar e o tempo são determinantes. Li algures um estudo sobre a sorte da época em que se nasce e vive. Por exemplo, um americano nascido no início do século XX teve menos sorte do que os que nasceram no pós-guerra. O primeiro apanhou com a grande depressão no início de carreira e, como se não bastasse, ainda apanhou com a II Guerra Mundial. Quando os ventos começaram a mudar no pós-guerra, já estavam demasiado velhos para aproveitar as novas oportunidades. Os nascidos no pós-guerra tiveram muito mais sorte e ninguém escolhe o sítio e o tempo em que nasce.
ResponderEliminar