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terça-feira, 2 de agosto de 2016
História gótica
101. Sobraram dois. Dragomir irá assistir à metamorfose da sua vaidade em violência. A criança contém em si o que viu desde os seus esconderijos. Nada acaba, tudo recomeça.
O.O Não é justo! São demasiadas as perguntas que ficarão indefinidamente a carecer de resposta. Estou no entanto convencido que a criança se tornará um obstáculo à disseminação do Mal, apesar de o conter em si. Dragomir é irrelevante! Apenas mais um títere de forças que nem sabe existirem...
A minha coleccão ficou assim ordenada num pdf cujo índice é o seguinte:
[Retratos de uma] História Gótica [Alexandra Abranches em 20 semanas no DdD] http://destrezadasduvidas.blogspot.pt/search/label/Hist%C3%B3ria%20g%C3%B3tica
LISTA em 3/Agos./2016
01. Há três dias que não sai do caixão
02. Já perdeu a conta às voltas que deu à cela
03. No salão amplo e de tecto alto, as paredes cobertas de tapeçarias com cenas de batalhas
04. A primeira coisa que todos ouviram assim que o criado abriu a porta lateral do castelo
05. A multidão repetiu 'Ali, ali, ali', não como um coro mas uma noite de vendaval
06. Sete harpias castanhas pousaram sobre o sarcófago
07. Acordara de manhã com um pressentimento
08. 'Hoje é que vai ser'. Um fio de chá escorreu pelo canto da boca do homem
09. 'A minha garganta está seca como cinzas. Dá-me mais um copo desta mistela, estalajadeiro
10. 'Mas para perceberem bem o que se passou, tenho que começar por explicar quem eu era há alguns anos
11. À volta do estrangeiro, várias caras vermelhas fumavam os seus cachimbos, desconfiados
12. Na taberna, enquanto o homem limpava a garganta com mais um copo de aguardente
13. 'Espero que ninguém perceba', disse para si própria a rapariga que descia do comboio
14. Zselyk, rodeada por uma floresta verde escura, quase negra, é uma aldeia já com muitos séculos
15. Que pressentimento teve a mulher que se levantava cedo para tratar das lides domésticas
16. Estou pronto. Vou continuar. Nasci. A gravidez da minha mãe não foi fácil, e muitas vezes
17. O jogador de dominó atravessou aos tombos a praça da aldeia
18. 'A menina verá, não é lugar onde valha a pena ir.'
19. Este boticário era um personagem curioso
20. Na carruagem, a rapariga não ouvia o matraquear da voz do padre nem sentia o hálito do boticário
21. Os dois homens levantaram a cabeça ao mesmo tempo
22. O funeral realizou-se debaixo de chuva
23. Em frente da lareira, uma daquelas lareiras onde sete ou oito pessoas cabem de pé
24. Uma coisa gatinhou pelo chão da cozinha
25. Com a unha comprida do dedo mindinho, uma unha amarela e torta, retirou de entre os dentes, amarelos e tortos
26. 'Que saudades', pensava Viorica, a mulher do mineiro, enquanto esfregava na tábua de madeira
27. Estas saudades sentira-as em outras ocasiões, mas não sabia de quê
28. Valodu não parara de tremer desde aquele dia
29. Iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!. O homenzinho tentava libertar-se
30. Os três avançavam por um caminho no meio dos campos de batatas, uns campos castanhos e lamacentos
31. Com um pequeno pente cor de pérola, o boticário endireitava o seu bigode
32. Correu mal. Fosse por falta de habilidade, fosse por excesso da ingenuidade
33. 'Ah, os gritos'. A mulher do vestido prateado e capa cor de vinho brincava com o medalhão
34. Arruinado, consumido pela dor, alquebrado pela vergonha, deixei a cidade e vagueei pelo país durante anos
35. A criança, de dedo no nariz e barriga espetada, ouve o que diz Matriona, uma das mulheres que fazem a sopa
36. A criança não fugiu e Groesken começou a fazer as suas perguntas
37. A Condessa de Ecsed, seguida pelo corcunda que transportava a cabeça escolhida numa bandeja de prata
38. Ada voltou para o quarto que tinha alugado na taberna
39. À entrada do palacete iluminado por onde passavam homens de fraque negro e laços de seda branca
40. De cidade em cidade, o Príncipe Egon Gustav von Tepes frequentava as melhores casas e escolhia
41. Anghelescu atirava para dentro da lareira as rolhas das garrafas que acabara de esvaziar
42. 'Aqui, preparamos as cabeças'. Com um golpe seco, o corcunda forçou a tampa de um caixote largo
43. Uma agulha de prata e um fio de ouro. Dedais, tesouras, alfinetes. Prata, ouro, prata
44. Nergüi atravessa os vastos espaços abertos da Mongólia, desta vez sozinho
45. Eu sei contar a história de Nergüi. O seu pai foi Ganbaatar, o herói de aço
O.O
ResponderEliminarNão é justo!
São demasiadas as perguntas que ficarão indefinidamente a carecer de resposta.
Estou no entanto convencido que a criança se tornará um obstáculo à disseminação do Mal, apesar de o conter em si.
Dragomir é irrelevante! Apenas mais um títere de forças que nem sabe existirem...
Fascinante!
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ResponderEliminarA minha coleccão ficou assim ordenada num pdf cujo índice é o seguinte:
ResponderEliminar[Retratos de uma] História Gótica [Alexandra Abranches em 20 semanas no DdD]
http://destrezadasduvidas.blogspot.pt/search/label/Hist%C3%B3ria%20g%C3%B3tica
LISTA em 3/Agos./2016
01. Há três dias que não sai do caixão
02. Já perdeu a conta às voltas que deu à cela
03. No salão amplo e de tecto alto, as paredes cobertas de tapeçarias com cenas de batalhas
04. A primeira coisa que todos ouviram assim que o criado abriu a porta lateral do castelo
05. A multidão repetiu 'Ali, ali, ali', não como um coro mas uma noite de vendaval
06. Sete harpias castanhas pousaram sobre o sarcófago
07. Acordara de manhã com um pressentimento
08. 'Hoje é que vai ser'. Um fio de chá escorreu pelo canto da boca do homem
09. 'A minha garganta está seca como cinzas. Dá-me mais um copo desta mistela, estalajadeiro
10. 'Mas para perceberem bem o que se passou, tenho que começar por explicar quem eu era há alguns anos
11. À volta do estrangeiro, várias caras vermelhas fumavam os seus cachimbos, desconfiados
12. Na taberna, enquanto o homem limpava a garganta com mais um copo de aguardente
13. 'Espero que ninguém perceba', disse para si própria a rapariga que descia do comboio
14. Zselyk, rodeada por uma floresta verde escura, quase negra, é uma aldeia já com muitos séculos
15. Que pressentimento teve a mulher que se levantava cedo para tratar das lides domésticas
16. Estou pronto. Vou continuar. Nasci. A gravidez da minha mãe não foi fácil, e muitas vezes
17. O jogador de dominó atravessou aos tombos a praça da aldeia
18. 'A menina verá, não é lugar onde valha a pena ir.'
19. Este boticário era um personagem curioso
20. Na carruagem, a rapariga não ouvia o matraquear da voz do padre nem sentia o hálito do boticário
21. Os dois homens levantaram a cabeça ao mesmo tempo
22. O funeral realizou-se debaixo de chuva
23. Em frente da lareira, uma daquelas lareiras onde sete ou oito pessoas cabem de pé
24. Uma coisa gatinhou pelo chão da cozinha
25. Com a unha comprida do dedo mindinho, uma unha amarela e torta, retirou de entre os dentes, amarelos e tortos
26. 'Que saudades', pensava Viorica, a mulher do mineiro, enquanto esfregava na tábua de madeira
27. Estas saudades sentira-as em outras ocasiões, mas não sabia de quê
28. Valodu não parara de tremer desde aquele dia
29. Iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!. O homenzinho tentava libertar-se
30. Os três avançavam por um caminho no meio dos campos de batatas, uns campos castanhos e lamacentos
31. Com um pequeno pente cor de pérola, o boticário endireitava o seu bigode
32. Correu mal. Fosse por falta de habilidade, fosse por excesso da ingenuidade
33. 'Ah, os gritos'. A mulher do vestido prateado e capa cor de vinho brincava com o medalhão
34. Arruinado, consumido pela dor, alquebrado pela vergonha, deixei a cidade e vagueei pelo país durante anos
35. A criança, de dedo no nariz e barriga espetada, ouve o que diz Matriona, uma das mulheres que fazem a sopa
36. A criança não fugiu e Groesken começou a fazer as suas perguntas
37. A Condessa de Ecsed, seguida pelo corcunda que transportava a cabeça escolhida numa bandeja de prata
38. Ada voltou para o quarto que tinha alugado na taberna
39. À entrada do palacete iluminado por onde passavam homens de fraque negro e laços de seda branca
40. De cidade em cidade, o Príncipe Egon Gustav von Tepes frequentava as melhores casas e escolhia
41. Anghelescu atirava para dentro da lareira as rolhas das garrafas que acabara de esvaziar
42. 'Aqui, preparamos as cabeças'. Com um golpe seco, o corcunda forçou a tampa de um caixote largo
43. Uma agulha de prata e um fio de ouro. Dedais, tesouras, alfinetes. Prata, ouro, prata
44. Nergüi atravessa os vastos espaços abertos da Mongólia, desta vez sozinho
45. Eu sei contar a história de Nergüi. O seu pai foi Ganbaatar, o herói de aço
(Continua)
(Continuação)
Eliminar46. Disse ao meu cavalo, avança, mais um passo e encontramos água
47. A noite estava mais escura e ventosa do que era costume, e Viorica não conseguia dormir
48. Tinha que acontecer. Não porque estivesse escrito algures, no livro poeirento de um adivinho
49. O terror não é um grito. Não dura um instante. Não passa. Instala-se. Ver e pensar enforcam-se num nó
50. Caça à noite. Desce a encosta como um tigre, voa até aos vales como um falcão
51. As buscas terminaram para todos menos para Ada, que recusou participar no luto dos pais
52. A Condessa de Ecsed examinou a sua obra. Com a ajuda das três mulheres impávidas, o monstro tinha sido erguido
53. Há uma história que se conta em Zselyk. Passa de geração em geração. Quem a conta não sabe se é só uma história
54. O farmacêutico sacudiu as escamas de caspa que teimavam em assentar sobre os ombros do seu casaco
55. Madame Licodu bebia um chá enquanto a criada esfregava uma pomada nas têmporas da inválida
56. A velha. Os habitantes do castelo são de todas as idades
57. No dia de Santo Estanislau de Szczepanów morto por um rei que lhe desferiu um violento golpe
58. Há outro(Q) Mundo(Q) O mundo não é tudo(Q) Pode haver outro(Q) Outros(Q) Se puder, há(Q)
59. 'Miúdo', chamou Gavril. Ficava sempre angustiado quando a criança desaparecia
60. A floresta de Zselyk, inclinada sobre uma encosta, é tão densa que nela quase não penetra a luz do sol
61. Os anões da floresta de Zselyk vivem nela desde tempos imemoriais
62. O caderno de Ada, aquele de capa de veludo verde que o farmacêutico abriu
63. Notícias da frente. Ada, Valodu e Groesken aproximam-se do castelo
64. Acha-se incerto de seu estado o Confessor, o mundo todo abarca e nada aperta
65. O farmacêutico matutava no que vira na estalagem sobre a taberna quando um homem baixinho e anafado
66. Monsieur Pécuvard nem sempre fora assim tão redondo e nem sempre andara de terra em terra
67. Há homens que morrem muitas mortes e um destes foi Toríbio Ortega, camarada e homem de armas de Pancho Villa
68. De um homem que morre tantas mortes como as que morreu Toríbio Ortega suspeitar-se-á, facilmente
69. Era tal a desordem que reinava, a desordem, como se sabe, reina, e também a confusão ou a harmonia
70. Se, numa noite de inverno, um viajante encontrasse quatro crianças loiras sincronizadas
71. Protegidos pelo sol do meio-dia, Ada, Groesken e Valodu olham para a entrada imensa
72. E se pudessem dar um passo atrás e olhar para as suas próprias deambulações de sala em sala
73. 'Larga!' As mãos tratadas do farmacêutico agarravam pelo colarinho um miúdo sujo e descalço, com ranho
74. Não pensou o carcereiro intermitente nas consequências da sua diligência, para si e para toda a aldeia
75. Não são apenas violentos os nómadas, são musicais, cantam e dançam noite fora por entre as chamas das fogueiras
76. Anghelescu aproximou-se de Viorica e beijou-lhe a mão direita, como um cavalheiro
77. O Senhor Pécuvard limpou as gotas de suor que lhe escorriam testa abaixo
78. 'Pst'. Ada levantou a cabeça. A meio da parede de um corredor por onde já tinham passado
79. Os errantes não tinham ainda partido e isto trazia inquietos os habitantes de Zselyk
80. Desapareceu da memória de todos Nergüi, menos da memória da avó, que desde cedo lhe ensinou que há espíritos
81. 'Estes livres-pensadores. Chega a hora e chamam todos pelo Altíssimo'
82. Ou assim poderia pensar-se. Mas o agricultor partira o pescoço ao cair de um cavalo
83. Gavril quase desmaiava. Da parede saíram, um de cada vez, o miúdo, Ada, Groesken e Valodu
84. No primeiro dia do Natal a minha mãe disse-me, quatro crianças loiras iguais
85. O filho de Viorica, se se lembram, escondeu o sapato de um dos homenzinhos da floresta
86. 'Não temos.' Quem falava era um homem com uma argola de ouro na orelha esquerda
(Continua)
(Continuação)
Eliminar87. Dilúvios, furúnculos, gafanhotos. Muito maior ainda é o domínio de Zephaniah, A Grande
88. Zephaniah, A Grande, não recebeu o filho prófugo de Viorica
89. Iniciou a subida, sempre arrastando a mala
90. Uma torrente de retratos rasgados e pedaços de papel amarelado
91. 'Ladrão! Ladrão! Alguém me valha!' Quem gritava assim era uma mulher de meia-idade
92. Falso Dimitri, assim era conhecido o corcunda. Vivia de assaltos, como este
93. Foi escolhido entre os feios e desgraçados para se juntar aos serviçais do castelo negro
94. Não há gatos no castelo negro. Nem sequer gatos pretos. Cosmin encarregou-se de expulsá-los
95. À medida que procuravam entre os papéis rasgados aqueles que lhes interessavam
96. 'Mais ou menos', Ada. 'Ou digamos assim', ainda Ada. 'Se o Natal durasse mil e uma noites
97. Não se atreveu a fazer o sinal da cruz. Podia ser menos uma ajuda do que um obstáculo
98. Seguiram o cortejo dos malditos. Ada segurava a mão da criança, que avançava à frente do pequeno grupo
99. Agora falamos nós. Aqueles que têm escrito a várias mãos o que só pode ser contado a várias vozes
100. Os guinchos estrídulos das criaturas desfazendo-se contra as paredes da cripta
101. Sobraram dois
(Fim)