Nos últimos dias foram recolhidos vários cachorrinhos com cerca de uma semana de vida. É claro que há fotos e um vídeo deles gorduchinhos à procura de comida num cobertor. Sim, sim, eles procuram a mãe para comer, só que a mãe não foi recolhida imediatamente, ela e o sétimo cachorrinho foram os últimos a ser encontrados.
Ainda não percebi muito bem como é que isto funciona financeiramente porque, normalmente, os animais são transportados por avião até ao seu destino final, dado que há muitas adopções internacionais. Devem receber muitos donativos e ter um acordo com alguma companhia aérea porque, senão, o custo seria proibitivo.
Isto recorda-me de quando os meus amigos que emigraram para a Austrália deixaram o seu cão comigo para eu o enviar para Hershey, PA, onde iria viver com a irmã de um deles. Eu não percebi muito bem o plano inicial, quando fui constituída voluntária forçada, mas acabei por ficar com o Vito, um carlino ou pug, em inglês, durante quase três meses, em Memphis. O plano deles era enviar o Vito para Hershey e eventualmente emigrá-lo para a Austrália, o que custaria $5000. Eu ouvia aquilo e ficava com o cérebro meio-abananado porque um pug num avião é muito má ideia. É uma das piores raças para voar. Então daqui para a Austrália, é morte certa, praticamente. E ainda por cima custava um dinheirão. Mas antes da Austrália, ele tinha de ir para a Pensilvânia...
Depois da irmã estar disponível para o recolher, levei o Vito a um Cracker Barrel, localizado ao longo da I-40, para o meter num autocarro de animais. É verdade, há alguém que se dedica a transportar animais entre vários estados -- se não estou em erro, a viagem dele ficou à volta de $150. Nesse dia, fui a casa almoçar, peguei no Vito, nas coisas dele, inclusive um brinquedo com os cheiros a que ele estava acostumado para ele se sentir ligado a algo familiar, e enfiei-o no carro com um cinto de segurança ao meu lado. De caminho, passei pelo Starbucks para comprar um café, uma garrafa de água, e um pastel para o condutor do autocarro.
Cheguei ao Cracker Barrel, estacionei, olhei para o cão, ele olhava para mim, e eu sentia-me culpada porque não tinha como explicar ao cão o que lhe ia suceder nas 24 horas seguintes. Se eu pudesse, tinha cavado um buraco e quem tinha ido para a Austrália era mesmo eu. Na hora marcada, não apareceu o autocarro. Telefonei às pessoas do autocarro e elas diziam-me que estavam lá paradas; eu dizia que não. Só depois de vários telefonemas é que me apercebi que havia outro Cracker Barrel numa saída à frente, talvez a duas milhas de onde eu estava.
Acabei por ir encontrar o autocarro numa bomba de gasolina perto. Entreguei o cão, as coisas dele, o café, a água, o pastel às pessoas, que deviam pensar que eu era completamente lunática -- vocês já devem ter percebido o mesmo. É que eu estava lavada em lágrimas, aos soluços, cheia de pena do cão. E andei assim durante 24 horas; só passou quando eu soube que o cão tinha chegado ao destino e estava com a irmã. Acho que nesse dia devo ter perdido uma semana da minha vida; há situações que me causam muito stress.
O Vito está gordito, parece um sultão, ainda está em Hershey, mas já viveu uns tempos no Canadá. A nova "dona" e ele adoram-se! Quando lhe falam o nome dos meus cães, ele ainda olha como se andasse à procura deles. Ainda não se esqueceu dos seus amiguinhos. Os animais são espectaculares...
Rapariga, tu és cá das minhas, sem sombra de dúvida. O desconforto animal também me deixa doente.
ResponderEliminarSim, os animais são mesmo espectaculares. :-)