domingo, 14 de agosto de 2016

Criaturas metafísicas 12


Rabo de peixe, bico de papagaio, presas de tigre, patas de cão, as dianteiras, de iguana, as traseiras, barriga de freira e tonsura de monge, língua de trapos, uma delas, as outras de fogo, cotovelos de lince, olhos de carneiro bem vivo, dentes de cobre e nariz de prata, orelhas de quem nunca usou um chapéu, sem chapéu, a maior parte das vezes, boca de lagarto e esgar de albatroz, possante como um gorila e preciso como uma pulga, com dedos de babuíno e unhas de camelo, as pestanas de elefante e as lágrimas de crocodilo, joelhos de gafanhoto e cabelos de porco-espinho, esperto como um rato e gentil como uma preguiça, cada dedo do pé parece uma formiga ou um ouriço-do-mar e cada músculo pulsa como uma sirene ou um farol ou uma galinha depois da visita da raposa, a testa é ampla como uma ostra, o dorso terso como um falcão, anda como uma zebra, corre como um lobo, come como um abade, vive as vinte e quatro horas de um mosquito e dorme como uma pedra. Não mete medo a ninguém. Não faz parte da história natural. Na verdade, Plínio não lhe dedica uma única linha.

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