Comprar casas não é investimento, a não ser que seja o fundo da segurança social a comprar para alugar a baixo custo. -- João Miranda no twitter.
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quinta-feira, 22 de setembro de 2016
Investimento
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Acho que perdi qualquer coisa. Essa frase é séria ou uma forma do autor ironizar com os dislates recentes? Quem é esse João Miranda?
ResponderEliminarÉ ironia! O BE diz que comprar casa não é investimento (mesmo que seja terceira casa), depois de o PS, há meses, ter proposto investir os fundos da SS na restauração de imobiliário que ia ser arrendado por preços de rendas muito baixos, ou seja, uma perda certa para os contribuintes.
EliminarZuriquer, João Miranda é o que, em 2009/2011 inventou os termos "Caines" (Keynes) e Cainesianismo (Keynesianismo) com vista a, com humor, referir-se a certas invencionices sobre política económica ao longos dos 30 anos. Humor é humor: CAINESIANISMO TUGA, certo?
EliminarObrigado a si também, Isidro. :-) Não conhecia essa do Cainesianismo mas está muito bem apanhada também!
EliminarEu aqui a pensar cobras e lagartos sobre o bom senhor e no fim ele até parece ser dos que consegue brilhar com luz própria.
Zuricher, acho que tu e o João Miranda seriam bons amigos, como no Casablanca...
EliminarIronia (ou sarcasmo...) sobre as declarações da Catarina Martins (BE) (ver aqui http://sol.sapo.pt/artigo/524121/-investimento-nao-e-comprar-casa-diz-catarina-martins)
ResponderEliminarJoão Miranda escreve no blog Blasfémias (https://blasfemias.net/).
A compra de casa PRÓPRIA (para lá viver) não é investimento, é consumo (de um bem duradouro, por um período de tempo alargado).
ResponderEliminarO candidato a senhorio que compra casa para arrendar, esse sim está a investir.
Como está a investir o especulador que compra casa para a revender mais tarde.
Só chama investimento à compra de casa própria o vendedor para suavizar o choque do preço que está a pedir.
É uma boa maneira de pegar no assunto. sim.
EliminarFoi uma boa farpa de João Miranda. :-)
ResponderEliminarRita e J.Cangaia, obrigado! Agora já percebi a história e quem é o twiteiro. :-)
ResponderEliminarJoão Ângelo, compreendo perfeitamente essa visão e em certa medida partilho-a vendo a questão dum ponto de vista coloquial, da forma como o cidadão médio vê a coisa. Mesmo contando que muitas vezes esses mesmos tratam a casa própria como um investimento de facto no seu pensamento e na sua acção embora não a racionalizem enquanto tal. Nesses termos sim, compreendo e concordo com o que diz. Duma perspectiva de Net Asset Value a coisa já não é assim tão linear e há cada vez mais famílias a olharem para si próprias dessa perspectiva mais abrangente do que simplesmente procurando um tecto para viver. Posso dizer-lhe que há vários motivos para nunca ter comprado casa (não me fixar em sítio nenhum, não querer ter maçadas com seguros, impostos, arranjos, condomínios e tralha afim, etc, etc) mas também porque nunca engoli o historicamente errado mantra que vigorou durante várias décadas de que as casas estão sempre a valorizar e são um investimento seguro e que se vender ganha sempre dinheiro e balelas afins. Eu sou precisamente daqueles para quem uma casa tem mais funções do que um tecto e nem sequer vejo esta como a mais importante.
"Eu sou precisamente daqueles para quem uma casa tem mais funções do que um tecto" e que, quando se trata de uma casa para servir de nossa residência, essa casa representa muito mais do que um investimento. E se ela tiver jardim e pomar, então essa é mundo dos seus moradores e conta a história da família. Só assim se entende que muitos idosos não queiram sair da sua casa, mesmo que vivam em solidão.
EliminarCompreendo perfeitamente essa visão também, caro Tiro ao Alvo. Não a tenho em mim dado não sentir um apego forte a casas ou, sequer, a sítios. Sou demasiado livre para conseguir sentir apego a algo que não posso mandar pôr num contentor e transportar para a paragem seguinte da minha vida. Vejo, aliás, a posse duma casa como uma prisão, sendo-lhe sincero. Mas entendo esse apego a casas porque tenho um enorme apego a coisas. O maior desgosto que poderia ter na minha vida seria que um monte de tralhas às quais tenho apego, gosto, carinho até, numa mudança qualquer se estrampalhassem por aí e eu acabasse por ficar sem elas. Em todas as casas onde vivi quem lá entrava e olhava com um módico de atenção facilmente percebia quem eu sou, como sou e como aprecio viver. Da mesma forma que essas coisas são parte de mim, têm a ver comigo e não imagino a minha vida sem elas, compreendo plenamente (enfim, até por já ter vivido a situação na família) que a casa onde se vive seja algo com um significado emocional que ultrapassa largamente a praticalidade do tecto em cima da cabeça. Há vários motivos para isso suceder e esse que elenca é um deles e plenamente real para muita gente.
EliminarZuricher, eu sei que para certos povos as casas não têm o valor que nós, os portugueses, lhe damos. Para algumas pessoas, um tornado que lhe desfaça a casa não é entendido como uma calamidade, mas como uma oportunidade para mudarem para uma nova casa, mais ao gosto das suas preferências do momento, bastando para isso que tenham os seguros em dia. Esses não têm apego à casa; nós até temos apego à rua, à comunidade. Nós dizemos a minha rua, a minha terra. Mas com isto não quero dizer que somos melhores que os outros, parecendo-me, até, que é uma desvantagem.
EliminarO João Miranda que seja sério, alguma vez se discutiu que o Governo ia comprar casas para arrendar usando o FEFSS. Nunca isto foi dito. Inserido num projeto de reabilitação urbana seriam construídas habitações com vista a serem rentabilizadas através do arrendamento a preços controlados. Construir e comprar são coisas distintas e têm impacto no PIB diferente. Além do mais parece-me um investimento cujo potencial rentabilidade/risco bem mais interessante que investir em dívida pública do país.
ResponderEliminarO certo é que o nosso Primeiro disse que o governo iria utilizar reservas do FEF da SS para comprar prédios e reabilitá-los, para, posteriormente, serem alugados a preços controlados. Ora isto é o que que se chama investir, no caso investir mal porque o empreendedor se compromete, à partida, a perder dinheiro, não se podendo esquecer os milhões de euros em rendas atrasadas das habitações sociais, sobretudo na zona de Lisboa.
Eliminaresta discussão entre investimento/poupança/acumulação deve ser interessantíssima para quem cursou economia ou finanças, (até poderão ter implicações práticas nas ajudas publicas a empresas e nas estatísticas do défice) mas sinceramente para o eleitor português não me parece ser muito relevante do ponto de vista do atual orçamento.
ResponderEliminarO que faz sentido ser discutido de um ponto de vista político (e pragmático) são as vantagens/desvantagens da taxação poupança/investimento/acumulação em património imóvel português acima de um determinado limite.
A meu ver algumas vantagens:
- parece-me uma forma preferível de ir buscar receita face a outras soluções como o aumento do IRS ou do imposto sobre combustíveis.
- ao tornar o imobiliário português como um objeto de investimento/poupança/acumulação menos "desejável" pode contribuir para a sua desvalorização ou menor valorização tornando os custos de habitação (seja ela compra ou arrendamento) mais acessíveis para o português comum.
- incentiva a rentabilização de património não rentabilizado por desentendimentos entre comproprietários, herdeiros...
Desvantagens:
- incentiva o investimento/poupança/acumulação de imoveis no estrangeiro face a imoveis em Portugal. Ou seja alguém que esteja a pensar comprar uma casa de férias poderá preferir fazê-lo em Espanha em vez de Portugal de forma a evitar este imposto.
ao tornar o imobiliário português como um objeto de investimento/poupança/acumulação menos "desejável" pode contribuir para a sua desvalorização ou menor valorização desvalorizando os ativos dos bancos portugueses e das famílias portuguesas.
- desincentiva uma formas mais tradicionais de poupança das famílias em Portugal. O investimento imovbiliario para arrendamento. Poderá tornar os arrendamentos mais caros.
Incerto:
- emprego: a fileira da construção representa uma fatia importante do emprego no setor privado em Portugal. Esta medida ao desencorajar compra de imoveis em Portugal poderá ter efeitos negativos mas por outro lado o seu efeito redistribuidor poderá sobrecompensar (ou não) esse mesmo efeito.
- incentiva o investimento/poupança/acumulação de outras formas de ativos face ao imobiliário (dinheiro liquido, açoes, ...)
Algumas ideias são contraditórias pois existem efeitos de 2a, 3a ordem mas penso que poderá constituir um bom ponto de partida para uma reflexão sobre o assunto.