Segundo alguns estudos, o principal medo dos
americanos é falar em público. O segundo é a morte. Pegando nestes dados, Jerry
Seinfeld concluiu que num funeral a maioria prefere estar deitada no caixão a
ter de fazer o discurso da praxe. Nos anos 60, o eminente professor James
McCroskey espantou-se com a quantidade de suicídios de estudantes da
Pennsylvania State University durante a época de exames. McCroskey associou os
suicídios ao formato dominante de exame oral e tentou descobrir métodos (ou
tratamentos) que pudessem reduzir os níveis de ansiedade comunicativa de
estudantes e professores. Nos anos 70 prevaleciam as teorias da aprendizagem e McCroskey
acreditava que a apreensão/ansiedade comunicativa era aprendida e, por isso, também
podia ser desaprendida. Vinte anos mais tarde, e atendendo ao relativo fracasso
dos tratamentos prescritos para a ansiedade comunicacional, o autor, com uma
certa tristeza, reconsiderou a sua tese. Os grandes avanços da biologia e das
neurociências levaram-no a concluir que muitos dos traços de personalidade que
estão por detrás da apreensão/ansiedade comunicacional são inatos. A biologia
explicaria 60 a 80% dessas características pessoais e o meio social envolvente
os restantes 20 a 40%. Seja como for, tratar de 20% do problema é melhor do que
nada. Voltando a Seinfeld: pode ser o suficiente para preferirmos fazer o
discurso no funeral.
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