e da falta de vergonha na cara! José Sócrates está a ser investigado pela Justiça; só isso seria suficiente para alguém com tento na cabeça se abster de fazer uma figura tão triste. Será que isto significa que nem a Tribunal irá? Bem dizia o meu pai que, se eu quisesse singrar em Portugal, tinha de me filiar num partido. Eu mudei de país. E acho que não fui a única, a ver pelo número de pessoas que decidiram emigrar depois de mim.
"No PS temos orgulho em José Sócrates, que serviu o país como primeiro-ministro dando ao PS a sua maior vitória eleitoral de sempre com a sua única maioria absoluta e que deixou como grandes marcas o plano tecnológico, a aposta na economia verde e rede de acessibilidades que aproximou os portugueses do litoral e do interior", lembrou Daniel Adrião."
Fonte: Jornal de Negócios
Sem a maningancia mediático-judicial que extasia os leitores do Correio da Manhã, e que congelou a representação eleitoral de José Sócrates, o Governo de Portugal não estaria hoje dependente da extrema esquerda.
ResponderEliminarEu discordo: não foi o Correio da Manhã que elegeu José Sócrates como líder do partido; nem foi o Correio da Manhã que derrubou António Seguro.
EliminarClaro que não foi. O leitor do Correio da Manhã vota PSD. Uma direita que se aloja no populismo bacôco e no justiceirismo tablóide está arrumada. Até agora, ninguém melhor do que JS representou o centro político, reformista, patriótico, desenvolvimentista, visionário. Estou convencido que, nas últimas eleições, se o PS, ou mesmo o PSD, têem denunciado com vigor a barbaridade a que foi sujeito, não teriam deixado evaporar os votos que precisavam para não ficar dependentes de outros para governar. A ovação no Congresso é justa, mas tardia.
EliminarEu também já fumei disso, NG, mas mudei de hábitos.
EliminarRita,
ResponderEliminaro meu pai ( que nunca se filiou num partido) deu-me uma vez o mesmo conselho. Eu nunca segui. Arrependimento, só de não ter emigrado também.
Talvez ainda vá a tempo...
Acho que todos nós recebemos esse conselho. Também nunca o segui. Também emigrei, como a Rita. Mas não foi por falta de tentativa em Portugal. Simplesmente, tenho sempre a sensação que sou mais do que o suficiente para Londres, mas ainda não cumpro os mínimos para Portugal.
EliminarAhahahah, Luís Gaspar. Essa sua última frase é simplesmente magistral. Parabéns!
EliminarBoa tirada, Luís.
ResponderEliminarRealmente o skillset necessário para "singrar" em Portugal é bem diferente do de Londres.
Zuricher e Kutkut: que outra explicação poderia haver? Eu detesto dar o meu exemplo pessoal, mas às vezes não tenho fugir dele. A posição que atualmente ocupo foi obtida por head hunting: vieram ter comigo e propuseram-me o cargo, sem que eu me candidatasse. Ou seja, isto levaria a acreditar que estou acima do suficiente para estar cá. Já me aconteceu, no entanto, no passado, enviar uma candidatura para um cargo público em Portugal, para funções de reponsabilidade muito inferiores às que tenho atualmente cá, e não passei a fase da triagem curricular. Portanto, não sou bom o suficiente para estar aí. Há evidência empírica suficiente para o demonstrar, parece-me.
ResponderEliminarYou are over-qualified! E não há grande incentivo para um chefe contratar alguém que seja mais competente do que ele. Ainda por cima em Portugal, em que há tanta gente insegura, que acha que demonstrar liderança é desatar aos berros a insultar os subalternos. Enquanto não encontrares um gerente bom em Portugal, cujo objectivo seja contratar talento, não conseguirás emprego.
EliminarMais fácil e proveitoso ir embora. O que sugeres é demasiada cera para tão ruim defunto.
EliminarPortanto, lá para 2089 volto ;)
EliminarLuis Gaspar, o seu cargo em Londres é público? É que, se não for, parece-me que está a comparar alhos com bugalhos.
ResponderEliminarIsabel, tem de começar a dar-nos um pouco mais de crédito. Neste momento, já devia ser evidente que se o Luís está a fazer a comparação então é porque se pode comparar.
EliminarPresumo que está a brincar...
EliminarNão é preciso estar-se filiado num partido para se ser carpinteiro ou enfermeiro ou abrir-se uma mercearia. Exagera-se na importância dos partidos na criação de emprego. Se eu for a uma loja pedir um emprego, o que me dizem é que não há vendas que justifiquem a minha contratação, não me pedem o cartão do partido. Se o que querem dizer é que queriam um emprego na função pública, aí talvez fosse diferente, mas não muito diferente do que é em qualquer outro país em empregos no Estado. De qualquer forma, as centenas de milhares de pessoas que nos últimos anos têm emigrado, não teriam ficado em Portugal se estivessem filiados em partidos, pretendendo, por essa via, entrar na função pública. Seria impossível, até porque o número de funcionários públicos, como deviam saber, tem vindo a ser gradualmente reduzido e os acessos estão até praticamente congelados na administração central. A classe com o maior número de funcionários públicos é a dos professores dos ensinos básico e secundário, que tem sido muito reduzido. De qualquer forma, não deve ser muito significativo o número de professores que tenham entrado nas escolas por estarem filiados em partidos. Mas podem desmentir-me.
ResponderEliminarÉ necessário é não misturar as coisas, confundindo as causas do desemprego e da emigração. A não ser que estejamos todos aqui a brincar, talvez não ficasse mal uma análise um pouquinho mais rigorosa.
"Se o que querem dizer é que queriam um emprego na função pública, aí talvez fosse diferente, mas não muito diferente do que é em qualquer outro país em empregos no Estado. "
EliminarEstá a basear-se em que amostra? Baseado no que conheço de perto (o RU): o Renato está errado.
Quanto ao resto: um dia hei-de fazer um post sobre isto. É que não me parece nada que seja um problema da função pública. Acho que o amiguismo, o "networking" como eufemisticamente se chama, é muito mais importante nas grandes empresas em Portugal (que são quem contrata o pessoal mais especializado) do que em outros países. E já sei que me vai dizer que isso não é um problema, porque os privados que façam o que querem. Mas não é verdade. É um problema para o país, porque não retem nem promove o talento, e reduz as oportunidades para quem não se quer dar, nem depender de "redes" de "amigos", nem fazer favores.
Luís Gaspar, quanto ao último parágrafo, se me ler outra vez, vai reparar que eu estava a falar em filiações em partidos, e da suposta necessidade de estar num partido para arranjar emprego; não falava do amiguismo privado.
ResponderEliminarQuanto ao primeiro ponto, sobre isso, continuo a dizer que não será melhor, nem pior, do que em outros países, incluindo a Europa. Obviamente, não tenho números. Mas não lhe será difícil encontrar relatos de situações dessas até no RU. Já agora, tendo em conta de relatos que por vezes nos chegam de deficientes serviços públicos no RU, suponho que não haverá uma excessiva meritocracia no acesso ao civil service... Just saying. Eu nunca estive no RU, mas tenho familiares aí radicados há longos anos, quase 50, uns, das novas gerações, até já são ingleses de gema.
Por outro lado, eu dou-lhe imensos exemplos aqui em Portugal, de carreiras da função pública em que não se entra com cartão de partido, seja professores, que até é a maior, seja outras. É preciso cuidado com os lugares comuns e os exageros, só isso.
"não falava do amiguismo privado.". Eu sei, Renato, fui eu que acrescentei ao tema porque, parece-me, precisamente a questão fundamental, para mim, não é a de alguém ser beneficiado por ter cartão de partido. Antes, a questão é mais geral: em Portugal, há muito pouca vontade e capacidade de atrair e premiar o mérito. Há várias razões. Eu tenho as minhas teorias. Acho que ha´pouca concorrência em Portugal, e isso não se manifesta apenas em preços altos e baixa qualidade para o consumidor. Também resulta numa menor necessidade de reter e qualificar talento. Acho que, em muitos aspetos, a sociedade portuguesa é ainda feudal, e as relações de afinidade e de autoridade - dar emprego a quem me possa ajudar no futuro, ou dar emprego a quem eu possa controlar melhor - são mais importantes que o lucro. Haverá muitas outras razões. Não acho que esta seja uma análise inquinada por lugares comuns. É aquilo a que assisto.
EliminarLuís Gaspar, conhece o soberbo texto "Síndrome da Sebe" do Dr. Victor Bento? O que ele escreve nesse texto parece-me responder largamente aos motivos pelos quais em Portugal o mérito não é valorizado.
EliminarZuricher, li agora. É uma parte do problema, sim.
EliminarSim, está certo, nisso concordamos, Luís. Mas sabe que, curiosamente, aquilo que agora passa em Portugal por incentivo à cultura do mérito, que é a flexibilização da contratação, é precisamente o que permite um maior feudalismo. Estamos como no tempo dos ganhões, que todos os dias se curvavam perante o senhor para ter direito a um dia de trabalho. Também não é um lugar comum, é aquilo a que assisto.
ResponderEliminarE daí eu não defender o aumento da flexibilidade laboral. Num sistema de poder altamente assimétrico, serviria provavelmente para agudizar a cultura feudal.
EliminarE isto faz-me voltar ao meu argumento acima. A minha teoria é que a cultura do mérito não é promovida porque o custo de não a promover é baixo. Um aumento da concorrência - que é um conceito que nunca foi muito popular em Portugal - aumentaria o custo da incompetência.
EliminarSim, em tese é assim. Mas o custo da incompetência, mesmo em concorrência, continuará baixo se do outro lado, do consumidor, não existir uma cultura de exigência, incluindo conhecimento dos direitos do consumidor. E um Estado regulador e atento, já agora, também é muito importante.
EliminarEstou contente por termos chegado a um diagnóstico.
EliminarOra aí está, caríssimos, um ponto de agressividade política legítima a que o governo poderia recorrer!! À inspecção de Trabalho. Dar à inspecção de trabalho a mesma visibilidade e recursos que foram oferecidos à ASAE!!
EliminarGrande parte do que o Renato refere, o neo feudalismo nas relações laborais, advém de uma certa permissividade que já grassa há mais de 20 anos e em que o mau exemplo era dado pelo Estado, suas dependências e pela Banca!! Hoje é, de certo modo, transversal. E este neo feudalismo é a maior insídia que que se pode inserir nas relações sociais.
Esclarecer que o pressuposto é, evidentemente, que nos referimos a situações de facto que são material e formalmente contrárias à lei do trabalho. Para além de qualquer resultado interpretativo possível, recorrendo aos cânones da hermenêutica jurídica, das leis de flexibilidade do objecto da prestação de trabalho e polivalencia de funções introduzidas na legislação portuguesa, salvo erro, em 1999.
EliminarWell said, gentlemen!
ResponderEliminarMais das vezes dou por mim a pensar que é necessário salvar o catolicismo, dos católicos; o liberalismo, dos liberais; o socialismo, dos socialistas e a virtude, dos virtuosos!!
ResponderEliminarE, já agora, o pecado dos pecadores.
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