sábado, 19 de dezembro de 2015

O trabalho que a sorte dá...

Bem sei que a economia de um país não é o mesmo que a de um agregado familiar. Porém, existem vários pontos em comum. Um deles é o incentivo à poupança. O rendimento disponível não deve ser igual à despesa mensal ou anual.

Ora, vem isto a propósito da boa medida de substituir os veículos de alta cilindrada na “Factura da Sorte” por certificados de aforro.

Que se incentive os contribuintes a cumprirem um ónus fiscal é já discutível, mas mesmo para países do bárbaro Sul da Europa, presentear alguém com carros de gama alta, a que acrescem as despesas inerentes, não lembrava a ninguém e passava exactamente a mensagem contrária que o anterior Governo desejava. Sempre achei uma medida sem um mínimo de racionalidade, também económica.
Espero que esta mudança seja um estádio para que este incentivo à subfacturação e à economia paralela seja apenas isso: uma medida intermédia para a sua eliminação. Assim é nos países civilizados e desenvolvidos. E mesmo não tendo há muito idade para acreditar no Pai Natal, se Portugal conseguir ser um país menos dominado pelos interesses instalados, sim, é possível. Mesmo sem a intervenção do Menino Jesus.


Haja sorte, mas sem factura e número de contribuinte. Daquela sorte feita com trabalho, mais trabalho e perseverança. A única que vale a pena. O resto é álea do domínio do mítico.

3 comentários:

  1. Este programa de recolher as facturas é completamente inconstitucional a meu ver. É uma das piores coisas que o governo PSD/CDS/PP fez e revolta-me que as pessoas se sujeitem a isto sem contestar a violação do seu direito à privacidade. Ninguém no governo precisa de saber quantas vezes vou à mercearia, nem os restaurantes que frequento, nem as lojas que patrocino... Pela perspectiva de ter mais uns trocos, os portugueses deixam passar tudo.

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  2. Rita, se estivesses por cá revoltavas-te mais e não pedias facturas durante uns meses. Depois, chegado o final do ano, começavas a fazer contas à vidinha e a revolta dava lugar à submissão. É que é muito difícil ser rebelde com a barriga vazia ;)

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  3. A participação no programa é volutária. Quem quer apresentar uma despesa médica para efeito de IRS, pede factura; se não quiser apresentar, não pede. Se quiser um desconto de 3.45% no mecânico, por fazer de fiscal das finanças, pede factura; se não quiser, não pede.

    Não é preciso pedir factura de tudo, e há muita coisa que automaticamente tem factura com número de contribuinte há já muitos anos (água, luz, gás, telecomunicações, seguros da casa, carro, saúde, etc).

    Feitas as contas, quem pouco paga de IRS, pouco incentivo tem (além do sorteio) para pedir facturas (além destas, de saúde e educação). Quem muito paga, com meia dúzia de facturas recupera o que há para recuperar.

    Quanto ao sorteio, acho bem que deixem de ser carros. Enquanto aforrador por opção, acho mal que contem com a inércia das pessoas para terem mais dinheiro no tesouro. Espero que a ser essa a solução, no mínimo, os certificados sejam movimentáveis.

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