quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

s-t-o-p



Estou aqui e não vejo.

Não vejo para além da cortina escura. Não respiro desventura em quarto nu. Não trago em vão no peito sepultura.

Quero ver e os olhos estão tapados. Como cria que arfa a primeira vez a luz do dia, como trigo que se ceifa na juventude, como massa que leveda sem saber.

As mãos vêem o que os olhos não trazem. E quando as ergo aos céus como antenas, não há energias que capte, nem ondas que me salvem.

São umas simples mãos raquíticas elevadas em cume de um braço magro, ossudo. 

Se ondas houvesse a captar seriam minhas e descodificadas trariam mensagens.


hoje stop não stop possível stop trabalho stop adeus stop


stop à imensidão de tempos duros, stop ao buraco que me oprime, stop a ti que te ris, stop a ti que choras dia após dia. stop, stop e stop. 

parado. paradinho. imóvel, quedo e não ledo, que te li na madrugada mal amada coberta pelo calor da lareira onde queimámos tanta conversa, tantas letras.


- São apenas quatro estas que agora te dou; em código: s-t-o-p.

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