quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

DALL-E e a curva da procura

Pedi uma curva da procura e recebi a imagem abaixo, com a mensagem "The image has been created with a standard economic demand curve that slopes downward from the top left to the bottom right." A imagem, infelizmente, não corresponde à descrição. Não sei se nas categorias de Zvi Mowshowitz estaria em  "Fun With Image Generation", "The Lighter Side" ou "Language Models Don't Offer Mundane Utility". De qualquer modo, as capacidades destes modelos são impressionantes. Possivelmente o problema é eu não dominar "the art of the prompt".

 


sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Eleições hilariantes

Sem dúvida que 2024 nos irá regalar com uma fartura de anedotas eleitorais, tanto aqui como aí. Esta semana que passou é prova disso. No Iowa, o Trump foi o candidato mais votado no caucaso do Partido Republicano, que se realizou na Segunda-feira, feriado federal em que se celebra Martin Luther King, Jr. Terça de manhã, a bolsa no vermelho, e o indice do dólar a apreciar.

Entretanto, também esta semana, calhou apanhar um vídeo do André Ventura que alguém postou no Facebook, no qual ele apontava para uns papeis colados a uma parede e dizia que se o Chega for eleito para governar, iriam terminar os apoios de causas da Esquerda, como o dinheiro gasto em promover a identidade de género, etc. É a mesma campanha que o PS usou em 2015: ia poupar dinheiro cortando gorduras e isso ia gerar crescimento. Para o Chega, as causas da Esquerda são as gorduras da Direita mais à direita, logo merecem ser cativadas. Resta a dúvida se já não o foram pelo PS.

Como não há duas sem três, ontem vi que Pedro Nuno Santos decidiu adoptar o lema do Trump para a sua campanha eleitoral. Votem PS para fazer Portugal "grande outra vez". Se havia alguma dúvida que PNS é outro líder idiota socialista, esta ficou completamente dissipada. Mas vocês sabem que me dá imenso prazer ver o pessoal socialista, que gozava tanto com o Trump e os americanos, adoptar o lema do Trump. Também é engraçado pensar no que considera PNS o período grande de Portugal porque parece que não é o período do governo de António Costa. Talvez seja o de Passos.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Falta de noção

Finalmente, chegou a moda de se designar os empregados das empresas como talento. Agora em vez de se falar em fuga de cérebros fala-se em fuga de talento. E para se encontrar talento devia-se contactar uma empresa de recrutamento, como na América, que é o país que inventa este tipo de coisas. A solução para a fuga de talento é, na opinião de Soledade Carvalho Duarte, que se modifiquem as políticas fiscais e salariais.

Apesar da alta carga fiscal, a decisão de praticar salários baixos é essencialmente das empresas e não me parece que possa ser alterada por decreto. Aliás, o salário mínimo que é alterado por decreto, é relativamente alto quando comparado com o salário médio e não parece ter tido grande efeito no desaceleramento da fuga de talento. Faria sentido haver uma reforma fiscal que simplificasse o sistema, mas é das tais coisas em que o cão ladra mas não morde, pois os portugueses já sabem como manipular a situação e falam, falam, mas não querem mudança. Afinal o PS governa desde 2015 e mesmo que nas próximas eleições ganhe outro partido, é quase certo que só dura um mandato, se isso.

De qualquer das formas, o poder político reage às modas e, antes do PM Costa se demitir, o PS falou em devolver um ano de propinas, que representa 697 euros por ano, por cada ano que um licenciado trabalhasse em Portugal. Em princípio esta política não devia ter efeito prático porque facilmente se consegue um salário mais alto no estrangeiro que cubra este valor, que afinal representa 58 euros por mês. E quem não consegue um salário melhor no estrangeiro não ia emigrar de qualquer forma, logo não faz sentido o estado pagar a quem não ia emigrar. E se vai pagar a alguém, não é socialmente justo pagar aos licenciados a quem já pagou a maior parte da licenciatura--é que as propinas não representam o custo total da educação recebida.

No essencial, não há qualquer noção de como tirar o país do percurso não sustentável em que segue; mas retornando à questão de recrutar talento, há uns largos anos calhou um "head hunter" recrutar-me para um emprego. Como ele estava em início de actividade foi bastante transparente comigo e disse-me que a empresa lhe tinha pagado $40 mil por me ter encontrado. Duvido que haja uma única empresa em Portugal que consiga pagar este tipo de dinheiro só para encontrar um empregado, ou seja, Portugal não oferece qualquer competição na retenção de talento face ao estrangeiro.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

O castigado

No dia de Ano Novo, uma amiga minha convidou-me para ir a casa dela fazer-lhe sopa e ajudá-la com um puzzle muito difícil que ela tinha recebido do marido. Não me estava a apetecer sair de casa, mas lá fui e passei pela loja para comprar os ingredientes. Enquanto descascava a batata doce, ela recebe um telefonema e lá explica a quem estava do outro lado da linha que eu era de Portugal e lhe estava a fazer sopa.

A parte que suscita mais espanto é a utilização da varinha mágica--ela tem uma varinha mágica porque há mais de 10 anos quando estava doente, fui lá a casa e fiz-lhe sopa, mas levei a minha panela, a varinha mágica, e as minhas facas porque não sabia como a casa dela estava equipada. Depois disso ela comprou uma varinha mágica, que só eu uso porque ela tem medo de a usar.

Quando desligou o telefone, exlicou-me que estava a falar com um rapaz que estava na prisão. Quando ela me disse que ele era CFO, presumi que o crime tivesse a ver com dinheiro, mas não. Ele concordou ser condenado a 5 anos de prisão, sem possibilidade de sair antes do termo, por ter enviado pornografia que encontrou na Internet a um jovem de 17 anos. É considerado agora um predador sexual; antes de ser libertado, tem de dar a sua identificação à polícia da zona onde vai residir, não pode votar para o resto da vida, nem pode viver perto de escolas ou de sítios onde haja crianças, como parques e jardins infantis. Ou seja, estragou completamente a sua vida.

Sugeri que ela lhe dissesse para ele emigrar para a Europa depois de sair da prisão. E se for para Portugal, decerto que algum representante da Igreja Católica lhe dará a benção.