sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Borba

Ao acompanhar as notícias de Portugal relativamente à tragédia de Borba e as reacções à dita, fiquei suspreendida por as pessoas mencionarem que o problema é a estrada. Num país onde se fiscaliza a operação de vendedores de bolas de Berlim na praia, acho difícil acreditar que não há uma almazinha que fiscaliza as pedreiras. Será que em Portugal não é preciso ter uma licença de actividade para operar uma pedreira, e que esta implica um estudo de impacto ambiental e de risco, mais umas visitas de um fiscalizador qualquer? Acho que é o mínimo que um país dito civilizado deve ter.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Combate à corrupção

Hoje, ia eu a caminho do trabalho, quando reparo na louraça que ia a conduzir à minha frente: uma mulher já nos seus 50-60 anos, a conduzir uma Ford F150 branca, com uns autocolantezitos cor-de-rosa. Só consegui ler um que dizia "Shoot your local heroin dealer." Se quiserem comprar, está no Etsy.

Estava a pensar que podíamos fazer uns em Portugal para combater a corrupção: "Alveje o seu corrupto luso".



terça-feira, 27 de novembro de 2018

Optimismo

"A governação da direita, diz, encolheu “a economia” porque “não sabe como funciona”, “destruiu emprego, investimento, empresas” e culpa CDS e PSD de tentarem “atirar para cima das empresas 500 milhões de euros de receita de IRC” neste Orçamento de Estado."

Pedro Nuno Santos, Expresso


O problema não é tanto a economia ter encolhido, é mais o cérebro de algumas pessoas. Olhem que optimista que eu estou: até presumo que têm cérebro!

domingo, 25 de novembro de 2018

Excitação à vista

O James Bullard, Presidente da Reserva Federal de St. Louis, tem andado a dar umas palestras em que defende uma actualização da regra de Taylor, aquela regra que é usada para receitar o nível adequado de política monetária. A regra original foi formulada com dados referentes a uma altura em que a Reserva Federal não tinha uma política monetária com uma inflação-alvo; mas, desde o final do século passado, o alvo de inflação tem sido explicitamente 2%.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Nem Hayek, nem Habermas

Em 2008, o académico norte-americano Cass Sunstein publicou um artigo intitulado: “Neither Hayek nor Habermas”. O tema central era a blogosfera. Com a ascensão das chamadas redes sociais, a blogosfera saiu, entretanto, de moda. Eu e o estimado leitor fazemos parte do grupo de sobreviventes deste ecossistema. Não interessa. As inquietações de Sunstein sobre os blogues podem estender-se a toda a internet. A web trouxe coisas maravilhosas. Passámos a ter acesso a carradas de informação, inimagináveis há 20 ou 30 anos. Qual é então o problema? Sunstein achava que a blogosfera levava à formação de grupos homogéneos e polarizados em termos ideológicos. Os bloggers e os seus leitores viviam em casulos ou bolhas de informação.
Em 1945, Hayek (o famoso pai neoliberalismo) publicou um artigo intitulado “The use of knowledge in society”. Para o economista e filósofo austríaco, a questão económica fundamental é: como extrair a informação que está dispersa e desorganizada na sociedade. Este problema não pode ser resolvido por nenhuma pessoa ou direcção central. Os planeadores centrais não conseguem ter acesso a toda a informação na posse de milhões de particulares. No seu todo, a informação na posse de milhões de particulares dispersos é muito maior do que aquela que qualquer especialista pode deter, por melhor que seja esse especialista – e não se trata só de um problema de quantidade, mas também de qualidade, mas adiante. Como é que se agrega então toda essa informação dispersa e se separa o trigo do joio? A solução está no sistema de preços. Os preços funcionam como um dispositivo de coordenação e sinalização conciso e preciso. Além disso, os preços têm uma capacidade de adaptação automática à mudança. Por exemplo, se um produto deixou de funcionar eficientemente, a sua procura desce e os preços também. Ora, para Sunstein a internet e a blogosfera em particular não têm nada que corresponda a um sistema de preços. Ou seja, não há nada que agregue uma quantidade brutal de opiniões e gostos. Não é possível criar um superblog que corrija os erros e reúna as verdades. Há ainda outro senão. Os bloggers não têm um incentivo económico. Raramente, estão envolvidos em actividades comerciais e, por isso, têm pouco a perder ou a ganhar. Por exemplo, se espalharem informação falsa, têm pouco a perder. O mesmo não acontece com os media tradicionais, que podem ver a sua credibilidade comprometida.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Talvez 50 pessoas

Na Sexta-feira de manhã, ao empacotar as minhas coisas para a viagem a Nova Iorque, pensei se queria trazer o último livro do Michael Lewis, "The Fifth Risk". Argumentava eu na minha cabeça que era um bocado grande e eu queria ir leve; depois contra-argumentava que ao menos as letras tinham um tamanho suficiente que seria fácil de ler sem ter de usar óculos. Mas será que queres passar o tempo a ler sobre isto, perguntava-me? Ler sobre actualidades é muito mais fácil do que ler ficção, respondia-me. Então lá veio no saco de mão.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Um prognóstico

Há quem ache que a China está a um passo de ultrapassar os EUA em termos do PIB. Um passo que pode demorar 20, 30 anos, dizem. Acredito que sim. Afinal de contas, mais de mil milhões de pessoas fazem toda a diferença nestas contas. Todavia, duvido que a China ultrapasse os EUA na ciência e tecnologia. Por um motivo fundamental: são uma ditadura com propensões totalitárias. Neste tipo de regime, o objectivo da ciência não é a procura da verdade, mas sim servir um bem maior definido pela elite. E nenhuma ciência escapa a esse desiderato, incluindo a matemática e a física. Há décadas, os teóricos socialistas falavam de uma matemática ao serviço da burguesia. Era, pois, necessário redireccionar a ciência, pô-la no caminho certo e justo. Em todas as cabeças com inclinações totalitárias, a ciência está sempre ao serviço de alguém (classe, comunidade, Estado) e consideram fútil uma ciência (ou arte) que não tenha uma utilidade ou aplicação prática. Nada de actividades espontâneas, sem uma orientação superior, não vão as coisas descambar, fugir ao controlo da elite e provocar resultados e consequências não previstas no plano. Ora, o que fez o avanço científico e tecnológico do Ocidente foi precisamente a despreocupação com a utilidade; foi a ciência pela ciência, a procura desinteressada da verdade. Hoje, o ocidente está ainda a beneficiar de teorias e descobertas de há séculos, que nunca teriam sido possíveis se os cientistas à época estivessem preocupados com a sua aplicação imediata. Se no ocidente continuar a existir esta liberdade, se a ciência não tiver de se curvar apenas a interesses económicos ou políticos imediatos - como, infelizmente, alguns iluminados reclamam -, a China não se transformará na vanguarda científica ou tecnológica, pelo menos enquanto for governada por uma ditadura.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Dia de arromba!

Para vocês já é Terça-feira, mas aqui ainda não chegámos lá. Será dia de eleições e promete ser um dia muito animado: cerca de 36 milhões de pessoas já votaram, agora só falta saber quantas mais votarão no próprio dia. A Lyft, a Uber, e outras empresas já ofereceram descontos a quem for votar. Nas montras, as lojas incentivam as pessoas a votar, no meu emprego enviaram-nos um email a lembrar-nos da importância de participarmos na eleição. Não se fala em outra coisa.

Independentemente do resultado, que tudo indica irá favorecer os Democratas, amanhã iremos fazer história porque a participação nesta eleição será enorme e a diferença entre os votos dos homens e das mulheres poderá ser a maior de sempre. Elas são mais a favor dos Democratas e elas também votam em maior número do que os homens.

Sempre achei os EUA um país muito interessante onde se viver: quando querem mudança, os americanos vão à luta. Foi assim que o Trump foi eleito e será assim que vai ser derrotado.




sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Com os azeites

Estamos a cinco dias das eleições e eu ando um bocado nervosa com isto. Hoje recebi umas correspondências da Autoridade Tributária com uns cálculos duvidosos e aumentaram-me o nível de stress ainda mais, mas deixemos isso para outro dia...

Pois, como ia dizendo, andamos em eleições e fui recensear-me à coisa de um mês. Levei o meu passaporte americano e uma conta de electricidade/água/gás como prova de residência porque ainda não fui trocar de carta de condução, nem registar o meu carro no Tennessee. Também levei o contrato de arrendamento, caso precisassem de mais tralha.