quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Mal radical

Ao contrário da vingança, o perdão tenta pôr fim a algo que sem a sua interferência poderia prosseguir indefinidamente. Liberta os homens do passado e dá-lhes a liberdade para mudar de ideias e recomeçar. A punição é a alternativa do perdão, mas não é de modo algum o seu oposto. É significativo que os homens não possam perdoar aquilo que não podem punir, nem punir o que é imperdoável. Mas há ofensas que não podemos punir nem perdoar, são aquilo a que desde Kant chamamos «mal radical». Perante estas ofensas imperdoáveis (pelo menos, na terra), cuja natureza continua tão pouco conhecida por nós, só resta realmente repetir com Jesus: «Seria melhor para ele que se atasse ao pescoço uma pedra de moinho e que fosse precipitado ao mar.” (Lucas, 17:1-5)

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