Ao
governo interessa que a discussão sobre o “esboço do orçamento de Estado para
2016” gire à volta das “tecnicalidades” da Comissão Europeia, como lhes chama
António Costa. O que é o défice estrutural? O que são despesas transitórias e
estruturais? Qual é o PIB potencial? É um paleio esotérico que não nos leva
longe, como explicou o LA-C. Entretanto, desvia-se a atenção do aumento de
impostos só “para os ricos”; para os pobres e a classe média, como é sabido,
haverá apenas uma “atualização fiscal”. Afinal de contas, andar de carro e
fumar são vícios das classes mais abastadas, que convém combater, porque assim se luta
pelo ambiente e pela saúde dos portugueses. É tudo para o nosso bem. Também é curioso o
argumento recorrente dos apoiantes do governo segundo o qual todos os orçamentos anteriores
foram criticados, nenhum cumpriu as metas, as previsões são previsões, valem o
que valem, etc. Este discurso só tem um pequeno problema. Sem querer, está-se a
admitir que este OE não é, de facto, para levar a sério. Assim é normal que se
instalem e aumentem as dúvidas e inquietações antipatrióticas sobre a
viabilidade e o realismo da actual proposta. Pensem nisso.
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