quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

O nosso burgo

Desde que saí de Portugal, quando quero saber de alguma coisa daí, tenho três referências: o Expresso, o Público, e o Jornal de Negócios. Agora a minha lista também inclui o Observador. Acho o Expresso um jornal suficientemente bom para atravessar fronteiras, especialmente havendo tantos portugueses espalhados pelo mundo. Mas também tem interesse para os cidadãos estrangeiros, logo surpreende-me que não tenham uma versão internacional, em inglês, porque poderia ser uma referência de Portugal junto da comunidade estrangeira.

Acho miópico pensar que é um jornal só para portugueses, mas julgo que toda a gente percebe que eu sou tendenciosa: não me enquadro bem em Portugal e tenho dificuldade em pensar só a nível das fronteiras do país. Os portugueses daí passam a vida a explicar-me que eu não percebo nada de Portugal, nem de como as coisas funcionam, só percebo dos EUA. Ninguém percebe verdadeiramente dos EUA -- é uma ilusão pensar que se percebe bem --, mas também não quero perceber só de Portugal; quero ter competência em perceber do mundo. Eu sei perfeitamente que não pertenço a Portugal: pertenço ao mundo. Portugal foi o país que me deu ao mundo.

A propósito do MO dizer que os leitores do Expresso são apenas os daí do burgo, decidi ver qual era o burgo do nosso blogue: a nossa audiência. O nosso burgo é aproximadamente 60% Portugal e 40% resto do mundo e nós só escrevemos em português, basicamente. Para mal do LA-C, que me diz para não me preocupar com os números, sou muito obcecada com as estatísticas do blogue. Não me preocupo com elas grandemente no sentido de querer que elas melhorem a toda a força, mas acho os números muito giros, especialmente a sua evolução. Sou estranha...

Para reforçar a estranheza da minha pessoa, posso contar-vos que, quando eu era pequena, uma das minhas actividades preferidas era contar o dinheiro que tinha no mealheiro. Até escrevia num papel quantas moedas de quanto valor tinha, quantas notas, etc., e depois somava o total e comparava com os cálculos anteriores. Era uma actividade completamente improdutiva, mas dava-me prazer, e uma coisa que dá prazer a uma pessoa e não causa mal a ninguém aumenta o bem-estar de toda a sociedade, já dizia Mark Rothko.

Então deixo-vos com os números aqui do burgo. Quem diria que havia gente na Rússia e na Ucrânia a ler-nos?

5 comentários:

  1. O 'Expresso' e 'Público'??? Já foram...

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  2. Jornal de Negócios já foi uma referência hoje em dia para mim já não é (ainda assim continua um pouco melhor que o Diário Económico), Público (fora o VPV e o JMT) e Expresso (fora o Henrique Raposo e mais um ou dois rapazes) continuam a sê-lo, já quanto ao Observador eu prefiro nem me pronunciar.

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  3. Eu pronuncio-me por si. "Só é jornalismo se defender o socialismo."

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