Tenho sérias dúvidas acerca da competência profissional de Carlos Costa como Governador do Banco de Portugal e ele próprio já deu indicações suficientes de que a sua actuação exige uma análise cuidada dentro do que a lei portuguesa permite. O exemplo mais flagrante foi quando afirmou que o Santander Totta, que tem negócios em Portugal representando 14,5% do mercado bancário português, não está sob a supervisão do Banco de Portugal. Ou isto é uma falha da legislação portuguesa, o que não me parece, ou é uma clara assumpção de que Carlos Costa faz o que lhe apetece e actua fora dos parametros legais. E se faz o que lhe apetece à margem da lei, então há suporte legal para pôr em causa a sua actuação e tentar afastá-lo do cargo. Se o governo conseguir arranjar suporte legal para afastar o Governador do Banco de Portugal, então não pode ser acusado de agir indevidamente. Mas se invoca apenas razões morais, então quem está a agir ilegalmente é o próprio governo.
Não compreendo a posição do PSD neste assunto ao afirmar que Carlos Costa está a ser "vergonhosamente" atacado. Estaria a ser vergonhosamente atacado se a banca portuguesa não estivesse cheia de bancos que foram ao ar durante a actuação de Carlos Costa como Governador do Banco de Portugal e se não houvesse vários casos que levantam muitas questões que nunca foram claramente esclarecidas. Se apenas um banco tivesse falido, poder-se-ia invocar que tinha sido uma situação pontual. Mas não foi só um banco que faliu, foram vários, e ainda há alguns com alta probabilidade de falir; aliás, Portugal corre seriamente o risco de ter a sua banca completamente controlada por entidades estrangeiras dentro de alguns anos. Sendo o Banco de Portugal responsável pela supervisão do sistema bancário português, e dependendo a soberania da nação da saúde do seu sistema financeiro, então a responsabilidade máxima pela situação actual tem de ser atribuída ao seu Governador. Ou seja, o PSD tem apenas de exigir que o processo do governo esteja de acordo com a lei portuguesa e a lei portuguesa permite que se questione a actuação do Governador do Banco de Portugal.
O governo tem de provar que Carlos Costa violou as suas responsabilidades perante a lei. A oposição tem de verificar que a lei está a ser cumprida. Todos têm um papel bem definido em Portugal, mas quando os líderes políticos são incapazes de compreender a natureza das suas responsabilidades, o país é mal governado e quem leva com a conta são os contribuintes.
Se o governador diz que o Santander Totta não está sob a supervisão do Banco de Portugal, então isso significa que o "Totta" em "Santander Totta" é apenas um apêndice para patêgo ver, pois se trata de um banco espanhol, supervisionado pelo banco central do "país vizinho". Nada de extraordinário: a supervisão do Barclays e do Deutsche Bank em Portugal também não compete ao Banco de Portugal.
ResponderEliminarWe reap what we sow...
EliminarCarlos Costa, Passos Coelho e Cavaco Silva. Três homens que entregaram Portugal aos bichos.
ResponderEliminarPrestação de informação falsa ao mercado no prospecto do último aumento de capital relativa à situação financeira do Banco e do Grupo será que isto não é suficiente para a Rita entender que existiram lesados, as pessoas tomaram as suas decisões decorrentes da análise que fizeram e os dados dessa análise fornecidos pelo Banco eram falsos. Nos EUA Ricardo Salgado e outros estariam presos por isto.
ResponderEliminarO que o Ricardo diz não faz sentido. Eu nunca disse que Ricardo Salgado não devia ser preso. E eu não contesto que haja lesados; o que eu acho é que os lesados do BES não têm direito a ser compensados pelos contribuintes portugueses.
EliminarPor exemplo, o caso Madoff: os contribuintes americanos não foram obrigados a pagar e houve ilegalidades. Há gente na prisão, o próprio Madoff cumpre 150 anos -- note-se que quem o entregou foram os próprios filhos. Foram criados dois fundos para reaver o dinheiro investido, mas as pessoas não tiveram direito ao saldo que o Madoff dizia que as pessoas tinham; mais de 65% do dinheiro já apareceu. Os contribuintes americanos não pagaram nada do seu bolso, apenas devolveram o dinheiro de impostos que tinham sido indevidamente colectados. De resto, o dinheiro foi confiscado das pessoas que o tinham recebido.
Agora pergunto, no caso do BES, porque é que o governo português não decidiu tentar recuperar algum do dinheiro que tinha sido indevidamente pago? Por exemplo, houve pessoas que receberam dinheiro do Grupo Espírito Santo, em que o GES dizia que eram empréstimos e essas pessoas diziam que eram dádivas.
A questão é que cabe ao Banco de Portugal a supervisão do sistema, se alguém forneceu informação errada esse alguém deve ser responsabilizado, mas quem validou essa informação como sendo fidedigna também tem de ser responsabilizado. A supervisão é hoje em dia uma das principais áreas de intervenção do Banco de Portugal e as falhas acumulam-se. Das duas uma, ou não dispõe de meios suficientes para fiscalizar e aí as leis precisam de ser alteradas, ou então são incompetentes. A solução atual é a pior, pagam-se salários elevados e os resultados produzidos são maus.
EliminarEm Portugal, em vez de tentarem recuperar algum do dinheiro, fizeram exactamente o contrário ou eja O Stock da Cunha, mal entrou em funções foi logo perdoar 80% da dívida do BESA ao BES. Ou seja para receber 800M a 2 anos ofereceu um perdão de 3200M. Isto sim são "dádivas" do céu
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