domingo, 21 de fevereiro de 2016

Tudo a postos!

Não sei se têm andado atentos às notícias, mas na sexta-feira o nosso ilustre Ministro das Finanças, Mário Centeno, deu a entender que está muito preocupado com o efeito da emigração no PIB português. Diz ele que, entre 2011 e 2014, cerca de 100.000 pessoas por ano, em média, emigraram. E ele quer os jovens de volta.

Eu, que já não sou jovem, parece que não sou querida pelo Dr. Centeno. Não faz mal, também não me dou muito bem com o desemprego, nem com a burocracia e os atrasos dos portugueses. Caraças, se calhar, a julgar pelos insultos que tenho recebido ultimamente na minha língua mãe, até é altamente duvidoso que eu me dê bem com portugueses! Pensava que toda a gente -- de Esquerda e Direita -- sabia o significado de liberdade de expressão, mas não: pensam que é um convite ao insulto, em vez de um convite ao debate de ideias. Devo ter confundido Portugal com os EUA.

Não é por isso que vos escrevo. Tenho boas notícias para o nosso governo: os emigrantes de Angola estão a regressar e eles eram mais de 126.000 em 2014 e como lá também não há liberdade de expressão, são pessoas mais parecidas com os restantes portugueses do que eu. Só para verem como sou má para aí, basta saberem que acho cinemas-restaurantes o máximo, uma clara indicação que estou completamente americanizada e até tenho um passaporte para o provar. Segundo me contam alguns amigos de Esquerda, que destestam o capitalismo, os americanos são péssimas pessoas, começam guerras e tudo -- mais nenhum povo é assim tão mau.

Conheço três dos emigrantes que regressaram de Angola e são todos muito boas pessoas. O que é chato é que as remessas deles vão terminar. Em 2014, foram mais de €240 milhões de euros enviados; em 2013, tinham sido mais de €300 milhões. Mas não há problema porque esta gente toda trabalha, logo podem aumentar o PIB português imediatamente.

É agora que Portugal vai crescer! Afinem o motor do PIB...

3 comentários:

  1. Rita, é mais jovem que eu, pelo que acho que ainda cabe na definição de jovem que penso que o Centeno quis usar ;-). Assumo que a ideia seria o retorno dos que ainda estão em idade activa, e não simplesmente o retorno usual dos reformados (cujo contributo esperado para o PIB seria menor).

    Agora a Rita tem razão que em termos de contexto, dificilmente será Portugal a primeira escolha dos mais qualificados que emigraram. E isto pelos factores que elenca (económicos mas também sociais, se viveram em sociedades mais abertas).

    Quanto ao impacto das remessas, obviamente se/quando retornarem produzirem menos valor, o impacto será negativo no PIB. Isto dito, apenas uma fracção do valor produzido pelos emigrantes retorna como remessas, pelo que não consigo dizer qual seria o efeito liquido.

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  2. Quer de volta para o desemprego ou ele vai arranjar emprego para eles todos no Estado? Esta gente está louca

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  3. "a julgar pelos insultos que tenho recebido ultimamente na minha língua mãe"
    - Oxalá tenham sido tão cultos que mereçam ser adicionados aos dicionários da especialidade. É que até para insultar é preciso ter classe :-)

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