segunda-feira, 13 de junho de 2022

Terça-Feira em NOLA

O resto da semana do Memorial Day tive de trabalhar durante o dia e só deu para sair ao final da tarde--vantagens dos empregos remotos. Ao investigar restaurantes interessantes em NOLA, encontrei o Lola's, que serve cozinha espanhola com influência crioula e a minha amiga acedeu a jantarmos lá na Terça-feira. Ultimamente, tenho andado com a pancada dos espanhóis por culpa do Goya e acho que até desenvolvi uma pequena obsessão pelas suas gravuras. Já pensei que devia fazer um teste de ADN para ver quanto de mim vem de Espanha, mas ainda não me convenci que quero dar o meu ADN ao sector privado, apesar de estar farta de dar o ADN ao sector privado quando vou ao médico. Contradições completamente ilógicas.

Para o jantar no Lola's, fizemos uma reserva pela aplicação da OpenTable à qual tivemos de dar o número do cartão de crédito porque, se a pessoa tem reserva e não aparece dentro de 15 minutos da hora combinada, cobram $25. É raro os restaurantes fazerem isto, mas a vantagem deste sistema é que só pessoas mesmo interessadas em ir lá fazem reserva, logo o Lola's não estava muito cheio e, se calhar, até nem teria sido preciso reserva. Por falar em estabelecimentos cheios, houve vários sítios onde queríamos ir, mas não havia disponibilidade, o que não é completamente mau, pois assim descobrimos este.

Chamámos um Lyft do nosso hotel e apareceu um rapariga muito simpática, super-educada, que conduzia um Mini-Cooper dos maiores, o que nos surpreendeu, dado que é um carro caro. Inquirimos acerca da escolha e a condutora disse-nos que era uma prenda a si própria e apenas trabalhava para a Lyft nos tempos livres porque estava a juntar dinheiro para pagar as férias de verão da filha.

Poucos minutos depois do início da viagem e enquanto estávamos entretidas a dizer mal do Lyft, o telefone da condutora foi abaixo e a viagem foi cancelada. Peguei no meu telemóvel e procurei as direcções para dar à condutora. Continuámos o paleio. Informava-nos ela que o  problema de trabalhar para o Lyft é que a empresa castiga os condutores que não aceitam viagens ou recusam certos clientes. No caso da nossa condutora, que tinha recusado duas viagens, uma porque o cliente estava embriagado e outra porque eram vários homens numa zona perigosa da cidade, tinha sido informada que se continuasse a recusar viagens ia ser suspensa. (Não julguem que isto do medo é uma característica das mulheres porque já conversei com homens que também me dizem ter medo de certas zonas e pessoas.)

A nossa condutora viu o telefone ter morrido como sinal de que o universo lhe estava a dizer que devia ter ficado em casa. Quando chegámos ao restaurante, dei-lhe $20 em dinheiro, que era mais do que teria recebido se a viagem tivesse corrido normalmente--para nós devia ter ficado nuns $17, se tudo tivesse corrido normalmente. Ela não queria aceitar, mas eu disse-lhe que não podia recusar porque o universo estava a tentar corrigir erros passados. Espero bem que ela não tenha sido prejudicada por o telefone ter ido abaixo, mas se calhar a Lyft pô-la de castigo. A minha amiga disponibilizou-se a enviar uma mensagem à Lyft para a defender, mas depois pensámos que se eles soubessem que ela tinha feito a viagem com o telefone desligado ainda ia ser pior.

O menu do Lola's pareceu-me bastante bom, mas como tenho de evitar arroz e trigo, limitou-me um bocado as escolhas--a paella, da qual gosto tanto, não dava, a não ser que eu quisesse passar o resto da semana com o queixo cheio de borbulhas. Comi uma costeleta de porco com puré de batata, espargos, e micro-verduras, que acompanhei com um vinho tinto Tempranillo. A costeleta estava um bocado seca, mas talvez fosse de eu a ter pedido demasiado passada. O puré de batata foi dos melhores, senão o melhor, que já comi. No final, não pude resistir ao pudim flan, apesar de eu também evitar lacticínios e açúcar. O meu jantar ficou em $63,62, depois da gorjeta.  

O regresso ao hotel foi também com uma condutora do Lyft, mas desta vez uma rapariga muito opinada, que não usava máscara, mas tinha a janela aberta e era vacinada. Quando nos viu de máscara, ofereceu-se a usar, mas nós prescindimos. A meu ver, o carro é o local de trabalho dela, logo é dever dos clientes mantê-lo seguro e velar pelo bem-estar dela, dado que ela tem de contactar com tantas pessoas. É verdade que ela também podia usar máscara, mas que os outros ajam de certa maneira não implica que eu tenha de abdicar dos meus princípios. A meu ver, não me custa nada usar máscara em certas circunstâncias, para além de que também é bom para a minha saúde.

Digamos que foi uma viagem animada e preparou-nos para irmos ao Hot Tin, o bar no topo do Hotel Pontchartrain perto do nosso hotel, para um "night cap". Tomei um Rita Hayworth ($14 antes de imposto e gorjeta) e ficou, no final, por $19.43. Este cocktail não é muito doce e, para além de ser um pouco picante, tem um toque amargo do sumo de lima, mesmo ao meu gosto. Assim terminámos a noite em amena cavaqueira no pátio mais pequeno, onde encontrámos uma família de Los Angeles que estava de visita à filha, que se mudou para NOLA para ser advogada de desporto. Os pais tinham acabado de comprar uma casa em Nova Orleães que contavam renovar, mas queixavam-se que as pessoas eram muito lentas a trabalhar. O sul é sempre mais relaxado.

 

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