segunda-feira, 1 de abril de 2024

Montanha russa à vista

Na semana passada saíram as intenções de plantio das colheitas para 2024 nos EUA. De acordo com os resultados do inquérito da USDA, os agricultores americanos planeiam plantar uma área menor. Pode ser que os preços dos futuros do milho e da soja os tenham desencorajado, mas a minha opinião pessoal é que com as eleições à porta e a possibilidade de Trump voltar à presidência é arriscado plantar. O maior parceiro comercial dos EUA na agicultura é a China e quando Trump esteve na presidência desencadeou uma disputa comercial que deprimiu os preços das commodities. Concluo então que, ou os agricultores acham que Trump vai ganhar, ou têm a certeza que ganha pois para ganhar basta as zonas rurais votarem nele.

Apesar da economia americana estar bastante sã, o que beneficia outros países, a guerra contra a inflação ainda não está ganha e uma presidência Trump irá criar um ambiente inflácionário, dada a história da última presidência dele antes da pandemia. Sendo assim, dificilmente se criará condições para as taxas de juro baixarem, a não ser que haja um choque imprevisto.

Para Portugal, as maluqueiras de Trump até poderão ser benéficas porque o número de americanos que irá dar à sola aumentará de certeza, e muito provavelmente alguns irão para aí. Sim, irá ser inflacionista e os locais irão perder poder de compra, mas o lado bom é que a dívida pública irá baixar mais depressa. Só que também implica que será mais oneroso emitir nova dívida pública.

Os recentes bons resultados do excedente orçamental já geram discussões sobre políticas redistributivas. O que a história recente de Portugal nos ensina é que tais políticas acabam sempre por criar dívida pública, pois políticas redistributivas têm efeitos estruturais, apesar da decisão de as implementar ser baseada em resultados que se revelam conjunturais.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Não são permitidos comentários anónimos.