terça-feira, 1 de novembro de 2011

Waiting for Superman


Waiting for Superman é um documentário de 2010 de Davis Guggenheim sobre o estado do ensino público nos Estados Unidos. A grande questão é: como foi possível dar cabo de um sistema que até aos anos de 1970 era visto por todos com admiração? Os maus resultados dos jovens americanos nos testes PISA são apenas mais um reflexo da actual situação.

A degradação do sistema atinge por vezes proporções tais que às tantas um sociólogo se interroga se não serão as más escolas que geram maus bairros em vez do inverso, como nos é habitualmente explicado.

Bem, o problema principal não parece ser a falta de investimento das administrações. Pelo contrário. Os sucessivos presidentes aumentaram as dotações orçamentais do sector. O problema parece estar na crescente “sovietização” do sistema, com uma burocracia infernal. Do Estado federal emanam as grandes directivas e depois cada Estado tem um office center, que controla vários agrupamentos, que, por sua vez, controlam dezenas de escolas. Um sistema piramidal que tem servido para desresponsabilizar toda a gente.

Guggenheim considera a tenure um dos principais problemas. Convém recordar que a tenure foi criada nos anos 1950 para proteger os professores universitários de perseguições políticas e ideológicas – e, já agora, acrescente-se que esta palavra foi recentemente introduzida, de forma parola, pelo ex-ministro Mariano Gago no actual estatuto da carreira docente, quando já tínhamos uma expressão equivalente: “nomeação definitiva”…mas adiante. De qualquer maneira, não era fácil obter aquele estatuto: só ao fim de muitos anos e de muitas provas. Ora, a tenure, nos outros níveis de ensino, obtém-se após dois anos. E basicamente tem servido para tornar quase impossível despedir os maus professores.

Guggenheim acusa a American Federation of Teachers de ser uma das principais forças nocivas do sistema. Qualquer tentativa de avaliar os docentes esbarra com estrondo na sua oposição, como é ilustrado pela luta frustrada de uma directora do office center de Illinois para implementar um sistema de avaliação nesse estado, um sistema, diga-se, que seria optativo, deixando de fora os que abdicassem de ser promovidos.

Por contraponto, Guggenheim conta-nos a história de sucesso de Geoffrey Canada, que deliberadamente escolheu uma zona pobre do Harlem para criar uma charter school – escolas financiadas pelo Estado, mas que gozam de grande autonomia. Canada acredita que o segredo do êxito está em professores bem pagos e altamente motivados. Nenhuma criança é deixada para trás, com sistemas tutoriais que ajudam em especial os que têm mais dificuldades. E é imposto aos miúdos um ritmo de trabalho avassalador, sem pausas para Play Stations e outros divertimentos do género.

Os resultados obtidos pelos alunos parecem confirmar as estratégias de Geoffrey Canada. Desgraçadamente, as charter schools têm um número muito limitado de vagas. Os eleitos são escolhidos aleatoriamente no meio de carradas de candidatos.

Guggenheim acompanha ao longo do documentário várias mães (não se vêem pais) e filhos que terminam a sofrer numa random selection. Os excluídos terão de continuar à espera que o superman os venha salvar.

2 comentários:

  1. Sobre as charter school nos EUA, vê aqui (http://www.tbf.org/uploadedFiles/tbforg/Utility_Navigation/Multimedia_Library/Reports/InformingTheDebate_Final.pdf) um relatório do Angrist, que o apresentou na UM em 2009.

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  2. a escola é um placebo quem tem sucesso escolar vê legitimada a sua elevada auto-estima e tem maiores probabilidades de ter susexo reprodutivo e reprodutivo-inconómico

    se a chamada má escola desse prémios por o pior comportamento do ano ou o melhor vendedor de droga através destes curricula alternativ

    melhoRARIAm as hipótesões dos ditos cujos

    a escola apenas legitima ascensão social

    não legitima nem constrói aprendizagens efectivas

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