terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Salário mínimo e desigualdade salarial de género

Aqui está a última versão de um working paper, em co-autoria com Kemal Kizilca, Miguel Portela e Carla Sá, sobre o efeito do aumento do salário mínimo na desigualdade salarial entre géneros. Os nossos resultados parecem contra-intuítivos: uma subida do salário mínimo não conduz necessariamente a uma redução das diferenças salariais entre homens e mulheres. No caso que analisámos, há mesmo um aumento desta desigualdade após um forte aumento do salário mínimo que beneficiou os menores de 18 anos em 1998. No paper são discutidas várias hipóteses para explicar este resultado, mas aquela que parece mais consistente está associada a uma redistribuição de outras componentes de remuneração (para além do salário base) e do valor das horas extra, em favor dos jovens do sexo masculino.

2 comentários:

  1. pois 20 mil adolescentes a trabalharem nos anos 90...96 ou 98 tanto faz1 de março de 2012 às 01:20

    In 1997....a maior parte dos menores nem estava registrada em nenhuma base...specific information é portanto parcial

    the year before the amendment, the share of minor employees among the
    total labor force was only 0:7% (see Table 1). This small share of minors is the reason
    why we do not expect the amendment to have any spillover e¤ect on any other age
    group in the labor market.
    The shares of females among adult and minor employees
    were 40:7% and 43:8%...

    43,8% de 0,7% de 4.700.000....

    dá 20 e poucas mil raparigas

    mais ou menos as mesmas que havia só no vale do ave (dos 15 aos 18 anos a trabalhar em fábricas de vão de escada e maiorzinhas...

    nem os 0,7% nem os 43% de jovens abaixo dos 18
    me parecem credíveis mas...anfim

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  2. Caro leitor

    Os dados que usámos foram retirados da base de dados Quadros de Pessoal, que cobre praticamente a totalidade da população empregada por conta de outrem, com excepção da função pública. Podemos avaliar a qualidade destes dados comparando-os com alguns números do INE, que usa outras fontes. Assim, e tendo em conta os dados do INE para o período em análise, a população residente com 16 ou 17 anos em 1997 era de 295000 indivíduos. Como a taxa de escolarização desta população rondava os 82%, em 1997, ficamos com 53000, que seria o valor da população potencialmente activa (ou disponível para trabalhar). Para esta faixa etária não temos dados concretos quanto à taxa de desemprego, mas podemos assumir os 12% medidos para a faixa dos 15 aos 24 anos, no primeiro trimestre de 1998. Subtraindo assim o valor estimado de 6400 desempregados, obtemos um número de 46700 indivíduos potencialmente empregados. Noto que a população empregada por conta de outrem em 1997 rondava os 3400000, pelo que 0.7% deste valor são quase 24000 indivíduos. A diferença entre os 46700 e os 24000 pode ser explicada pela existência de trabalhadores por conta própria ou por indivíduos que nem estão na escola nem procuram emprego (inactivos), fenómeno muito frequente nestas idades.
    Concluindo: cotejando estas fontes, parece-me não haver dúvidas quanto à qualidade dos dados. O facto do número de jovens empregadas do sexo feminino ser inferior ao do sexo masculino, nesta faixa etária, também não é de surpreender dada a sua maior taxa de escolarização.

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