quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Exportações, ouro e combustíveis


O jornal i e Luís Rocha (LR), no Blasfémias, destacam o crescente peso nas exportações das vendas de ouro e combustíveis. Se no caso do ouro deverá corresponder essencialmente a uma transferência de riqueza acumulada, no caso das exportações de combustíveis é de referir a forte componente importada.
Na tabela acima  mostro a evolução homóloga da Balança de Mercadorias, de janeiro a agosto, excluindo quer os metais preciosos quer os combustíveis. Sem estas duas classes de produtos, as exportações cresceriam ainda assim 6,2%, um valor inferior em um terço se considerarmos a totalidade de produtos (9,6%). Em termos reais, o crescimento deverá ser na ordem dos 4%. Por outro lado as importações diminuiriam 8,4%, o dobro da queda das importações totais. A variação do saldo em volume manter-se-ia, com uma redução na casa dos 4300 milhões de euros, embora com um contributo mais significativo da redução das importações.
Em suma, ainda é cedo para falar numa alteração profunda da estrutura da economia portuguesa. Há sinais positivos, até porque não estamos a ter em conta as exportações de serviços, mas não deixa de ser relevante que 2/3 da diminuição do déficit externo se deva à diminuição das importações.


8 comentários:

  1. Caro João, achei o seu artigo muito interessante. E logo porque não é pretencioso.

    Tenho uma questão para lhe colocar, e que me atormenta desde sempre.

    Não sendo especialista em economia, fui no entanto Gestor num Banco durante 18 anos, graças à minha capacidade de trabalho e facilidade com números que advem da minha formação em Engenharia.

    Posto isto, a questão prende-se com o facto das importações e exportações, não serem geralmente quantificadas por valor. Ou seja, estão quantificados os valores em absoluto, mas os racios de rentabilidade de cada bem não são normalmente divulgados. Isto quer nas importações, quer nas exportações. Assim, fico sempre na dúvida se, compramos caro e vendemos barato, ou o inverso.

    Penso que faz todo o sentido sabermos o que estamos a vender, e como.

    cumprimentos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro Francisco

      obrigado pelo seu comentário. Há estatísticas sobre preços dos produtos na base de dados COMTRADE da ONU, as quais permitem comparar preços dos bens exportados ou importados entre países. No entanto, só poderemos responder se um determinado bem é "barato" ou "caro" se tivermos informação quanto à qualidade do mesmo, o que nem sempre é possível. Uma alternativa possível seria analisar as margens obtidas pelos exportadores, informação que também não é fácil de obter.

      Eliminar
  2. por outras palavras , se ao alardear que estamos a exportar muito , será que não estamos a descapitalizar o País (v.g. deficientes amortizações ou não reflectidas no preço de venda ...) ???

    ResponderEliminar
  3. Artigo tendencioso.

    1. Porque se retira da análise os combustíveis ? São riqueza acumulada como é o ouro ? Portanto «2/3 da diminuição do déficit externo se deva à diminuição das importações» é falso.
    2. POrque haveria de existir alteração da especialização da economia no último ano quando durante 20 anos se segui políticas económicas de fomento do sector não transaccionável ? Não é cedo. É muitíssimo cedo.
    3. MEsmo que «2/3 da diminuição do déficit externo se deva à diminuição das importações» fosse verdade, qual o problema nisso ? Será indicador de desenvolvimento a existência da maior densidade europeia de autoestradas vazias ? Será a redução da importação de automóveis e petroleo para o transporte rodoviário (as rúbricas com maior queda nas importações) um indicador de racionalidade ou de pobreza ?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Relativamente ao seu ponto 1, parece-me que a questão é saber qual é o valor acrescentado dos combustíveis que Portugal exporta. Parece-me que é muito pouco, não é?

      Em relação ao ponto 2, de facto, "ainda é cedo para falar numa alteração profunda da estrutura da economia portuguesa", como está escrito no post.

      Agora, o problema de 2/3 da diminuição do défice externo ser à custa de diminuição de importações é de facto um problema: as importações não estão a ser substituídas por produção própria. Ou seja, consumimos todos menos.

      O ideal era o ajustamento externo ser feito através do aumento das exportações. A "redução da importação de automóveis e petroleo para o transporte rodoviário" tem as suas externalidades positivas (menos poluição!) mas significa que viajamos menos, que o nosso parque automóvel fica mais velho. Isso é um problema...

      Eliminar
    2. Caro ADM

      Não sei porque diz que é tendencioso. Como diz o Semedo, retirei os combustíveis das exportações pela razão que só uma ínfima parte corresponderá a rendimento nacional. Dado que a matéria prima é importada também a deveria retirar das importações. A conclusão até me parece equilibrada: há um crescimento real das exportações, mesmo quando se retira os dois produtos mencionados, mas longe de ser espectacular, como muitas vezes se apregoa. Por outro lado, é visível que o ajustamento externo vem maioritariamente pelo ajustamento na procura interna.
      Quanto ao comentário do Semedo "...as importações não estão a ser substituídas por produção própria..." pela tabela não o podemos concluir. Teríamos que confrontar com os dados da produção.

      Eliminar
  4. O post pode ter muitos defeitos. Até é possível que tenha todas as contas erradas. Mas tendencioso? Tendencioso?

    ResponderEliminar
  5. Caros Professores, no meu blog EcosEconomia, tento responder à questão que colocaram, sobre a realidade e sustentabilidade do crescimento das exportações.

    http://ecoseconomia.blogspot.pt/2012/10/as-exportacoes-e-nossa-capacidade.html

    ResponderEliminar

Não são permitidos comentários anónimos.