domingo, 28 de fevereiro de 2016

Estou desapontada!

Nenhum de vós me escreveu a corrigir o vocabulário no meu post da cerveja e dos tremoços. Estava a contar que alguém, com olho muito clínico, me dissesse que era "pénis" e "vagina" que eu devia ter usado. Tanto trabalho, não apreciado por vós, para vos demonstrar que:
  • As mulheres pensam em sexo e algumas até pensam muito
  • A mulher pode parecer muito inocente, mas o que está dentro da cabeça dela, se calhar, não é...
  • As fantasias das mulheres até podem ser mais excitantes do que a pornografia dos homens
  • Talvez vos excite usar umas palavrinhas do vernáculo quando estão com @ voss@ parceir@
  • Talvez devessem fazer uma coisa tipo discos pedidos, mas com actos sexuais
  • Esta coisa do sexo é uma em que, por vezes, nem é fácil falar, nem é fácil fazer
  • Haver cumplicidade entre os membros do casal é essencial
  • E aquela coisa chata do diálogo também...

No outro dia li uma coisa engraçada no The New York Times, infelizmente não guardei o link. Falava de um casal em que a mulher tinha tido uma relação extra-conjugal onde sexualmente era mais livre do que nas relações que tinha com o marido. Sempre achei uma coisa muito interessante, que as pessoas de quem gostamos mais, ou que gostam mais de nós, por vezes não nos inspiram a confiança de estranhos. Temos medo que pensem mal de nós, não sei bem. Não tenho solução, nem sequer vos posso dizer que sempre tive um bom nível de confiança com todos os parceiros que tive. Fica aqui apenas o apontamento.

Finalmente, não se preocupem, não tenho uma boca assim tão "porca" no dia-a-dia. Frequentemente, tenho de recorrer à Internet (o "bater uma grelada" do outro dia veio da Internet) ou perguntar a amigos porque o meu calão em português é bastante limitado. Não namorei muito aí, nem tinha amigos, na altura, que usassem muito calão -- caramba, nem sequer tinha muitos amigos --, logo não vivi Portugal assim. Mas, às vezes, o calão é uma ferramenta que deve ser usada na escrita. Como diz o Stephen King, no seu fabuloso "On Writing: A Memoir of the Craft", até os escritores têm uma caixa de ferramentas, e eu ando a aprender a escrever logo ainda tenho uma caixa meio-vazia...

7 comentários:

  1. O Alexandre O'Neill tinha uma expressão para isso: «Esgaramantear uma laustríbia.»

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    1. Agora desatei a rir. Fui procurar essa expressão ao Google e encontrei um post onde fala de Pedro Mexia a respeito desta expressão. Que coisa tão maluca... A blogosfera portuguesa é tão gira. http://aseitadefenix.blogspot.com/2004/11/laustrbia.html

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  2. A propósito das considerações tecidas neste post, recordei-me de uma conversa com um amigo que me relatava a dificuldade em estabelecer com a sua companheira, o nível de cumplicidade e de a-vontade que gostaria. Lamentava-se também de nas relações sexuais se interporem alguns tabus que incidiam e se repercutiam nos mais diferentes aspetos.
    Rebusquei nos meus apontamentos mentais, algo de sensato e prático que lhe pudesse sugerir por forma restaurar-lhe a confiança e a auto-estima.
    Perante o inglório esforço, restou-me aconselha-lo a procurar os serviços de uma prostituta. E expliquei-lhe as vantagens da decisão. Está bem que teria de desembolsar algum dinheiro, tanto quantas as contrapartidas que pretendesse receber. Afinal, é por um motivo específico que existe aquela Classe Profissional.

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    1. Pois, por acaso, tenho andado a conversar com um amigo nessa situação. Eu sugeri-lhe que ele marcasse uma consulta para ele e para a esposa com um terapeuta, i.e., uma pessoa neutra, que os pudesse ajudar. Talvez ela vá, se ele marcar, não sei... Isto dos casamentos é uma coisa muito misteriosa para mim.

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  3. Oh Rita, eu acho que o uso literário do calão no português de Portugal é paupérrimo, temos uma literatura com uma linguagem quase sempre estupidamente formal (no Brasil as coisas são melhores, felizmente). Das poucas excepções que me lembro, assim de repente, são os livros do chamado "Pipi", de autoria anónima, que têm uma dúzia de anos e tiveram origem num blogue humorístico que foi muito popular. Apesar do pseudónimo suspeito, "Pipi", o narrador era suposto ser um super-macho hipersexualizado que só sabia escrever sobre sexo escabroso, mas num português que, apesar de pejado de palavrões era, ao mesmo tempo altamente literário e sofisticado. O efeito era bizarro e brilhante. O Pedro Mexia era fã.

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    1. Neste aspecto (e noutros), o silêncio do Madona e a o entupimento da caixa de comentários d'A Causa Foi Modificada é uma das maiores perdas literárias da nossa contemporaneidade.

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    2. Obrigada, André. Como disse acima, quando saí de Portugal tinha uma boa base de calão inglês americano; já no português o meu calão era muito pobre. Só para aí há três ou quatro anos é que comecei a aprender. Essa minha ignorância começou a incomodar-me um bocado. Ainda não visitei o blogue do Pipi, mas falaram-me dele no outro dia, há menos de um mês. Achei delicioso o conceito e um dia destes terei de o ir estudar. Há uns anos também encontrei um dicionário informal de calão português online, que de vez em quando consulto.

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