segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Não percas a vergonha...

Cara Mariana Mortágua,

Já vi que achas que se tem de perder a vergonha e ir atrás das pessoas que acumularam. Nós já sabemos que o brilharete que deste por causa do BES foi um acaso. Pensávamos nós que eras feita de um bom material pensante; afinal, aquilo deve ter sido o resultado da bica que tomaste por aqueles dias. Em Portugal o café é muito bom.

Ora bem, pessoas que acumulam. Eu sou uma pessoa que sempre senti necessidade de acumular. A minha mãe dizia-me que não se sabe o dia de amanhã, logo o melhor é ter alguma coisa de lado, caso seja preciso. Há 20 anos, eu olhava para a economia portuguesa e os dias de amanhã não faziam grande sentido para mim por causa da tal necessidade de acumular -- eu queria acumular muito, mas em Portugal não dava para acumular à velocidade que eu queria. Então emigrei e fui acumular para zonas mais verdejantes do planeta.

Vou dar-te um conselho: guarda a tua vergonha, Mariana. É a única coisa que te resta, pois o juízo já saiu porta fora há muito tempo. Se tu achas que num país que faz parte de uma união de países com fronteiras abertas e livre circulação de pessoas tu consegues seguir políticas de perseguição de poupanças, estás enganada. A única coisa que vais conseguir é fazer com que quem tenha opção de sair de Portugal saia mais depressa e, antes disso, até envia as poupanças que tem para fora. A propósito, tens acompanhado as estatísticas de emigração ou será que o teu governo decidiu não as recolher e publicar?

Pensava eu que ia regressar a Portugal qualquer dia; mas neste momento, já tenho dificuldades em pensar ir a Portugal de férias, quanto mais ir para aí na minha velhice gastar o que acumulei.

Fica bem,
Rita

24 comentários:

  1. Ahahahah! Começas a semana com a tua veia humorística apurada!

    1) A gaiata nunca podia ser feita de bom material pensante. Ninguém com as ideias arrumadas aceita ser parte dum partido como o BE.

    2) Se acumulas és uma inimiga dos trabalhadores, uma reles burguesa. Para esta canalha és alvo a abater.

    3) Ela ainda tem vergonha? Para dizer coisas daquelas duvido que, sequer, saiba o que isso é. Mas, deixa lá. Pior do que ela ter dito foi ter sido aplaudida por quem foi pelo que ela nem oportunidade teria para sentir vergonha se soubesse o que isso é. Por outro lado se calhar muitos Portugueses têm é vergonha alheia por verem tal coisa a ser dita por uma deputada da Nação.

    4) Tentar explicar a essa gente o conceito de mobilidade do capital e das pessoas é inglório. Para eles resolve-se facilmente com um muro. Este, não para impedir a entrada de estranhos mas sim para impedir a saída dos nativos que pretendem ir em busca de melhor vida.

    5) Em relação ao último parágrafo, tss tss. Pobre Rita, pobre Rita. Tss tss.

    :-)))))


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    1. Estava a pensar ir de férias à Riviera Maia, no México. É capaz de ser giro...

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    2. Talvez seja melhor destino de aposentação do que Portugal...

      :-)

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  2. Ou seja não ente o que é um Marxista.

    lucklucky

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  3. pois,mas eu na mesma situaçao (de ter emigrado,construido com sacrifício e trabalho algum património e ter pensado em regressar a Portugal com o resultado do trabalho duma vida) nao encontro nenhum prazer em dizer que "agora por causa disto já nao vou voltar!"....é que queria mesmo voltar e portanto nao acho piada nenhuma a que esteja o meu lindo pais a ser governado por desavergonhados destes....

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    1. Portugal, à vezes, surpreende-nos pela positiva. Pode ser que esta trupe de políticos desapareça brevemente. Entretanto, ando muito desgostosa, mesmo!

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  4. Rita,
    Boa missiva,parabéns. A nossa situação é dramática pois não temos economia para a despesa do Estado e os partidos não conseguem reduzir despesa pública. Somos um país falido sem viabilidade económica( a riqueza é mantida com o dinheiro dos outros e nunca pagaremos as dívidas) e andamos aqui num teatro burlesco à procura de dinheiro para uma realidade que não é possível. A bancarrota desta vez vai ser mais dolorosa e a riqueza vai recuar para o seculo XX.

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  5. Luís Silva, perdoe-me o atrevimento e permita-me uma pergunta. Claro está que a pergunta é feita num espírito de que todas as perguntas podem fazer-se, podendo o demandado responder ou não conforme melhor lhe parecer. É uma pergunta que faço normalmente aos Portugueses que conheço ou com quem tenha alguma qualquer forma de contacto como é este caso, vive fora de Portugal, faz a sua vida no exterior mas pensa em voltar. A pergunta é simples: Porquê? O que leva alguém que vive fora e faz a sua vida fora de Portugal a querer voltar e a organizar a vida com esse horizonte? É uma realidade tão diferente da minha e da daqueles que me rodeiam que fico sempre a pensar quais as motivações que pode haver para querer voltar a Portugal. Claro está que se entender que estou a ser demasiadamente abelhudo pode e deve não responder.

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    1. Portugal é um lugar que concilia beleza natural, riqueza cultural, sofisticação, segurança, serviços públicos com qualidade, sociedade pacificada, infraestrutura moderna, sem países inimigos, culinária saudável e saborosa e baixo custo de vida, como existem muito poucos no planeta. Tropeçou com o apertão da maior crise financeira global e o seu aproveitamento por imbecis à procura de poleiro que nos entregou ao FMI, aos chineses e a outros especuladores, e desencadeou esta reacção tandem para os braços da extrema-esquerda. Mas tudo tem solução.

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    2. O NG é demasiado benevolente. A situação de Portugal não resulta da crise financeira; resulta do país não crescer e de se ter endividado para além do que a economia permite. Portugal não foi ao ar porque investiu poupanças em activos subprime, como foi o caso da Irlanda e da Islândia.

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    3. A dívida estava controlada e rolava. Era bem menor do que aquilo que é actualmente.
      Portugal não cresce porque não tem por onde crescer. São mais os que morrem do que aqueles que nascem.

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    4. Caro NG, realmente estou com a Rita. O NG é demasiado benevolente sem sombra de dúvida.

      Em relação a este seu segundo comentário, não a dívida não estava controlada e o que é pior havia dívida escondida a rodos o que gerava incerteza. Para mais o rumo que vinha sendo seguido não era de molde a modificar esse estado de coisas. A República deixar de poder financiar-se não foi um acaso, não é? Por outro lado, NG, não diga que Portugal não tem por onde crescer porque isso não é, de todo, certo. Dadas as suas características gerais e dada a economia que tem actualmente Portugal poderia crescer 5% anuais em média de 10 anos sem dificuldades de maior. A cultura Portuguesa é que não é de molde a serem adoptadas as medidas que podem levar a esse crescimento. A inveja mesquinha ancestral que já tantas e tantas vezes arruinou Portugal (já a Índia e a construção do Estado Português da Índia dela sofreu...) e foi descrita ao longo dos séculos por vários autores (Eça, Teixeira de Pascoaes...) é que não permite que tal aconteça. Mas a Portugal o que não falta é espaço para crescer e muito.

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    5. Ó Zuricher, com um número de pessoas a chegar à vida activa a menos de metade daquele que existia quando chegamos, há apenas cerca de 20 anos atrás, Portugal vai crescer em quê? Os eucaliptos, que poderiam gerar algum rendimento dos cabeços de pedras e estevas que cobrem a maior parte do território, não os querem. Os grande projectos industriais, agrícolas e de infra-estrutura foram lançados (e quem teve a coragem de os fazer foi crucificado por isso). Os turistas e os reformados do Norte da Europa não chegam para fazer crescer o país.

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    6. Crescer em quê? Pois, NG, o grande problema é querer resposta a essa pergunta de antemão. Enquanto se tiver esse pensamento de economia planificada, de definir quanto se vai produzir do quê, com o Estado a controlar tudo, não se vai sair da cepa torta. O grande problema é que esse é o pensamento de grande parte da população. Nunca deu certo em sítio nenhum, nem em Portugal, mas, lá está, qualquer sociedade é livre de aplicar a frase de Einstein que relaciona fazer sempre o mesmo com esperar resultados diferentes. Por outro lado se a preocupação for simplesmente atrair investimento, seja ele em agricultura biológica de alto valor acrescentado ou em náutica de recreio ou em investigação nuclear ou até em tudo isto e mais duzentas mil coisas ao mesmo tempo, é indiferente. O que importa é criar condições para o investimento existir, implantar-se e prosperar. Quando se faz isto as coisas simplesmente acontecem e a economia desenvolve-se. É exactamente o que sempre aconteceu nos países mais prósperos. Algo assim é, porém, demasiada abertura para a sociedade Portuguesa aceitar.

      Dadas as suas características e condições e dado o estágio de desenvolvimento da sua economia, Portugal pode facilmente crescer 5% anuais em média de 10 anos. O problema são os Portugueses...

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    7. Zuricher, deixa-te de fantasias. Em parte nenhuma do mundo um país desenvolvido, que não seja seja um parque de estacionamento fiscal, cresce 5% em 10 anos.

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    8. NG, não é fantasia. É pura realidade. Portugal tem um enorme espaço para crescer tremendamente. A sua economia é ainda muito incipiente comparada com a do bloco económico onde se insere e, ademais, tem um enorme potencial por explorar. Deixe-me propor-lhe um pequeno exercíciozinho de contexto: compare o PIB per capita Português com o PPC das autonómias Espanholas. Não com o do Reino; apenas com o de cada autonomia.

      Mas, no seu comentário, uma vez mais enunciou claramente o problema. É que, para um país como Portugal e com as suas debilidades a vários niveis, uma das imperiosidades era um regime fiscal ainda mais simpático do que o da Irlanda ou de Malta. Tanto em taxas de imposto como em simplezinhos que são. Não por acaso dois países desenvolvidos onde crescimentos desta ordem de grandeza não são bizarros ou... "fantasias". São algo até muito real. Idem em vários países do Leste Europeu onde crescimentos superiores a 5% em média de 10 anos eram comuns até 2008 e agora estão a caminhar novamente para valores desses. Claro que o NG desdenhosamente acaba de chamar-lhes "parque de estacionamento fiscal". Reitero-me; o problema são os Portugueses. O seu comentário demonstra clarissimamente onde está o problema.

      Depois, claro, o problema continua dado haver certas actividades que se em Portugal se desenvolvessem não haveria cão nem gato (do sub-tipo invejoso negativo, lamentavelmente muito comum na sociedade Portuguesa) que não descansasse enquanto não conseguissem dar cabo delas. Malta, terra pequena e, na realidade, sem nada, teve que deitar a mão ao que pôde. E esse "que pôde" era relativamente curto. Portugal tem muitas mais opções. Graças a um regime fiscal adoravel para os investidores em geral e a algumas leis específicas relativas à tributação da náutica de recreio, Malta está a converter-se no grande centro náutico do Mediterrâneo, já hoje em dia ombreando com Palma. Em Portugal uma coisa destas, beneficiar os ricaços da náutica de recreio, seria crime de lesa-Pátria e ninguém descansaria enquanto não conseguisse acabar com o maná. Menos mal que Portugal para a náutica de recreio em geral não tem uma localização assim tão boa. Mas para os nichos dos yates acima de 20m, super-yates e ultra-luxo até não é nada mas mesmo nada má. Só que é uma actividade mal vista em Portugal, enfim...

      Resumindo: QED

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  6. Já depois de escrever o comentário anterior fui dar uma voltinha pelos jornais, entre eles o Observador. Abro a notícia sobre as ideias da Mortágua, leio o primeiro parágrafo e...

    "Mariana Mortágua defende “um sistema capitalista sem livre circulação de capitais”

    Rita, moça inteligente e com um cérebro dentro da cabeça. Diz-me tu se esta frase te faz algum sentido no contexto duma economia aberta e desenvolvida. Depois duma frase destas ainda restam dúvidas de que material pensante é tudo o que a mocita não tem?

    Claro que a contrariedade de a seguir dizer que é anti-capitalista quando antes tinha dito aquela tontice é já, neste ponto, algo pouco importante.

    Quanto ao resto, sinceramente nem li. Passei os olhos e como já li Lenin, entre a cópia e o original, por muito penoso que seja, antes as estuchas de Marx e os discursos de Lenin do que as atoardas velhas de 100 anos desta garota. Mal por mal fica-se com o original.

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    1. Eu acho que ela é como um relógio de corda: mesmo parado acerta nas horas duas vezes ao dia.

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  7. O problema são os restantes 1438 minutos...

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  8. Os nossos deputados são no geral muito maus. Muito maus.
    Mas esta moça acha mesmo que tem razão... E isso é assustador...

    Susana V.

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  9. Neste cantinho à beira-mar plantado há gente muito esquisita: por exemplo pessoas que acumulam e vão desacumular para Cuba. Pessoas que acumulam e mesmo sendo do CDS vão comprar batatas na festa do avante. Ou seja, dão muita força aos bloques e aos comunas. Depois queixam-se....

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  10. Gabriel Órfão Gonçalves21 de setembro de 2016 às 08:13

    Zuricher:

    Novo Aeroporto ou TGV? Ambos, não é?

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