terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Aprender a aprender


O Diário de Notícias de hoje dá relevo, na primeira página, a uma frase que António Guterres terá proferido ontem, por altura do seu doutoramento honoris causa pela Universidade de Lisboa: que os alunos devem aprender a aprender e não a “marrar nas sebentas” (referia-se, certamente, às suas lembranças de estudante). 


Aprender a aprender: deve ser esse o desiderato de um processo educativo, sobretudo nos novos tempos, nos quais ninguém pode fazer previsões certeiras a cerca do futuro, mesmo em prazos curtos. À medida que fui crescendo como professor interiorizei essa necessidade, que casa perfeitamente com a flexibilização curricular que defendo. É evidente que a operacionalização de uma aprendizagem para a aprendizagem é diferente para grupos etários distintos, e dentro destes para os próprios aprendentes (termo que não é muito do meu agrado, mas que existe). 

O último projecto de investigação que coordenei (na sua fase inicial) no Centro da Universidade do Minho a que pertencia antes da minha jubilação tinha como título “Avaliação das Competências do Aprender a Aprender”.

António Guterres não é um pedagogo, e não precisaria de invocá-lo como autoridade para reforço do que penso; mas é sempre bom ver que somos acompanhados por pessoas inteligentes e com experiência de vida que lhes permite ter do futuro uma visão diferente.  

2 comentários:

  1. http://observador.pt/opiniao/pode-se-aprender-a-aprender-sem-aprender-coisa-alguma/

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    1. Agradeço a referência. Já tinha lido o texto. Nuno Crato, tal como António Guterres, não é um pedagogo, embora tenha sido ministro da educação. Os argumentos que aduz a partir de referências de estudos levados a efeito por investigadores são tão relevantes como aqueles que encaram o problema de maneira diferente (e são, neste momento, muito mais numerosos). Por outro lado, o ponto de partida da posição conservadora que Nuno Crato representa não é sustentável, porque as estratégias para promover o aprender a aprender não se podem concretizar sem o que genericamente se designa por conteúdos. Quem defende esta posição não pretende destruir o papel do professor nem sequer a ideia de que certos conhecimentos têm de ser transmitidos. Mas quem aprende deve saber como usar as suas potencialidades e, no limite, fazê-lo por si, usando os meios adequados. E isto cada vez mais se torna necessário no mundo de hoje, e certamente mais ainda no de amanhã.

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