domingo, 11 de março de 2018

Escolasticamente pobres

Não percebo se há uma fixação em Portugal com o grau de professor universitário ou se o público, em geral, inclusive os jornalistas, é ignorante em assuntos universitários e em princípios básicos de jornalismo.

Por exemplo, depois da confusão em redor do estatuto de Pedro Passos Coelho, confrontamo-nos com outra situação em que a palavra "professor" é usada de forma errada e até o nome da universidade erram. Há tantos erros na peça, que eu nem sei quem disse o quê.

Lê-se na peça da agência Lusa publicada no Expresso acerca de Feliciano Barreiras Duarte, o seguinte:
'Em causa está o estatuto de "visiting Scholar" da Universidade da Califórnia, em Berkeley, que o secretário-geral do PSD retirou entretanto do seu currículo.'
e
'Um dia depois de o semanário Sol ter noticiado que Feliciano Barreiras Duarte teve de retificar o seu currículo académico para retirar o item que o indicava como professor convidado (visiting scholar) na Universidade de Berkeley, na Califórnia, Estados Unidos, o novo secretário-geral do PSD veio justificar-se em declarações ao Diário de Notícias.'

Em primeiro, scholar não se traduz como professor. Segundo, a Universidade de Berkeley não existe; existe a Universidade da Califórnia, que tem um campus em Berkeley, que é um de 10 diferentes. Terceiro, o estatuto de visiting scholar não existe na Universidade da California-Berkeley; o que existe são os estatutos de Visiting Researcher Scholar, que é reservado a pessoas com doutoramento, e Visiting Student Researcher, reservado a pessoas que são estudantes numa universidade que não a UC-Berkeley.

Isto está tudo explicado na página de Internet da universidade, logo por que razão o jornalista não investiga o assunto antes de escrever na peça uma informação que induz em erro o leitor?

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