Foi George Orwell quem cunhou o termo “novilíngua”
(newspeak) no seu arrepiante retrato de um estado totalitário em "1984". A novilíngua
ocorre sempre que a função fundamental da linguagem – descrever a realidade – é
substituída pela função rival que é a de exercer poder sobre a realidade. Mas o
aprisionamento da linguagem pela esquerda é muito anterior a Orwell. Como
relembra Roger Scruton no seu “Tolos, impostores e incendiários”, tudo começou
com a revolução francesa e os seus slogans. A partir daí, nunca mais a esquerda
dispensou os rótulos para estigmatizar os inimigos. A lista é extensa.
Fascista, social fascista, revisionistas, negacionistas (este é mais recente),
desviacionistas, esquerdistas infantis, socialistas utópicos, etc.. Um marco
importante nesta história é o II congresso do partido trabalhista social-democrata russo de 1904.
O grupo catalogado como mencheviques (minoria) era na realidade a maioria. A cristalização da
mentira e o seu sucesso convenceram os comunistas de que podiam mudar a
realidade com palavras. Se gritarmos muitas vezes “fim do capitalismo”, o
capitalismo acaba. Se insistirmos muito na revolução do proletariado, o
proletariado acabará por se erguer das brumas e defenestrar o inimigo, os "burgueses”. E por aí fora. No fundo, o politicamente correcto é mais
uma expressão dessa crença no poder das palavras que sempre acompanhou a
esquerda.
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