quarta-feira, 12 de abril de 2023

Entretenimento

Interrompo o entretenimento nacional de decidir onde será o próximo aeroporto através de consulta pública -- ou será concurso de popularidade do governo?, talvez um ersatz de eleições dado que hoje em dia as sondagens já não são tão fidedignas e, para além disso, já temos vasta experiência de que estudos de benefício-custo para informar obras públicas durante governos socialistas valem menos do que papel higiénico -- para vos informar de uma mini-série muito interessante que está disponível na Netflix, que se chama Transatlantic. O tema é o trabalho de Varian Fry em França para salvar pessoas durante a Segunda Grande Guerra Mundial. Foi através dele que grandes personalidades intelectuais conseguiram escapar aos nazis, como André Breton, Max Ernst, Hannah Arendt, Marc Chagall, etc.

É mesmo entretenimento, dado que a história é ficionalizada, apesar de ter algumas partes que são baseadas em factos históricos e as personagens serem baseadas em pessoas reais, mas as relações entre elas serem ficionalizadas. A Netflix disponibilizou um pequeno documentário sobre a produção da série que vale a pena ver também.

Alguns pontos interessantes é que a série critica as grandes potências de então e faz alguma equivalência com o que se passa actualmente em termos de política de refugiados na Europa e no mundo. Depois eu não conhecia a história de Varian Fry, nem de Mary Jayne Gold, mas já estive a ver uma entrevista dela para a história oral do U.S. Holocaust Memorial Museum e fiquei mais educada acerca do assunto.

Finalmente, Lisboa e Portugal saem com uma reputação bastante boa, dado que Portugal não só não é criticado, como é visto como um porto seguro numa altura bastante conturbada da história mundial. Claro que nós portugueses sabemos a verdade de que o regime tinha bastante simpatia para com os alemães. Que o diga a família de Aristide de Sousa Mendes, cuja história daria uma óptima série da Netflix, apesar de já existir um filme menor sobre o assunto. Estima-se que Aristides de Sousa Mendes tenha salvado umas 30 mil almas. Varian Fry salvou cerca de 2000 e Oskar Schindler, cuja história inspirou o filme do Spielberg, umas 1300. Parece que o tratamento cinematográfico é inversamente proporcional ao número de sobreviventes.

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