terça-feira, 11 de maio de 2021

O corpo às avessas

No Sábado, resolvi arriscar e marcar uma massagem, que eu já não tinha uma há mais de um ano. Era necessária porque os meus músculos das costas estavam tão tensos que eu sentia o esqueleto a ser comprimido. De vez em quando, passo o tempo a procurar por massagistas na Internet. São criaturas raras os bons massagistas, mas há uns tempos tinha encontrado um spa aqui perto que fazia várias coisas que me interessavam, entre elas uma técnica que aqui se chama myofascial release.

Telefonei para fazer a marcação e ninguém atendeu logo tive de deixar mensagem. Passados uns minutos, telefonam-me e consigo fazer contacto. Perguntei para quando havia vaga e perguntaram-me se queria homem ou mulher. Era indiferente, respondi. Nesse caso, podia aparecer às 16 horas e eu marquei hora e meia. Também me deram indicação do preço: $145 pagamento a dinheiro ou $160 pagamento com cartão de crédito. 

Depois da marcação, enviaram-me um SMS a fazer as três perguntas do Covid-19 (se tinha sintomas de tosse, falta de ar, ou garganta inflamada, se tinha tido febre nas últimas 48 horas, e se tinha estado em contacto com alguém sintomático). As instruções de como chegar à marcação e entrar também estavam incluídas: estacionar o carro à porta e enviar um SMS a dizer que tinha chegado, ficar no carro até fornecerem a papelada que era preciso preencher, e quando entrasse, tinha de estar sempre com máscara, exceptuando quando estava de barriga para baixo, em que a podia retirar se quisesse.

Apareci 15 minutos antes da hora marcada e segui o protocolo. O meu massagista era o mesmo rapaz que me tinha telefonado. É muito raro ter massagistas homens, não porque não escolha, mas porque nos sítios onde vou muitas vezes só trabalham mulheres. Acasos...

Quando entrei na salinha perguntei até onde me devia despir. Isto porque apesar de eu costumar despir-me toda, há alguns tratamentos, como a integração estrutural, em que também se trabalha as fáscia, em que o trabalho é feito com roupa, dado que o massagista olha para a forma como andamos e nos movimentamos, para vir que 'reas do nosso corpo estão desalinhadas. Podes despir-te toda, disse ele.

Saiu da sala e fechei a porta e tranquei-a. Deitei-me na marquesa nua, mas debaixo de um lençol, e esqueci-me de destrancar a porta. Lá veio o rapaz que bem dava à maçaneta, mas a porta não abria. Levantei-me para destrancar, mas estava nua. Olha, começa bem, o moço ainda diz que o estás a tentar assediar, pensei eu. Ah e era um moço afro-americano e eu branquela europeia. Isto há uns anos era ilegal.

Pronto, lá me deu a massagem e muito teve para trabalhar porque eu tenho pouco mais de metro e meio, mas sou muito concentrada, tipo polpa de tomate. Gostei bastante do trabalho dele porque até incluiu as nádegas na massagem e muito raramente se encontra pessoas que façam. Até agora, só tinha tido uma pessoa que fizesse as nádegas e que foi a minha massagista no Noroeste do Arkansas. Ela até à barriga dava massagens. Era mesmo espectacular.

A certa altura da massagem, já as dores eram tantas que eu ria-me e ria-me. E ele ria-se de eu me rir de dores. E mandava-me respirar fundo para ir mais oxigénio para a zona que ele estava a massajar e eu ria-me, gemia, e espirava fundo... Que eu não me surpreendesse que fosse doloroso sentar-me ao outro dia. Não que fosse doloroso sentar-me, mas doeu-me o corpo todo o resto do fim-de-semana. Fiquei mesmo K.O. Aliás, sentia-me tipo o Rocky Balboa se devia sentir depois de uma luta com o Mr. T, daquelas que o Rocky perde.

Desde a massagem que viro o pescoço para trás, para ver se tenho mais flexibilidade e confere, logo valeu a pena aquela sessão de tortura. Quanto ao resto, o rapaz ainda não telefonou a dizer que eu o tinha assediado, mas quem sabe daqui a 20 anos.

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