quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Talvez inveja

Não é que eu seja invejosa porque devo ser teimosa demais para achar que quero ser como os outros, mas, de vez em quando, penso nos espanhois e sinto qualquer coisa que só pode ser inveja. Não vou falar no Goya, Dalí, Cervantes, Velasquez, Picasso, etc., mas tenho de falar no José Andrés, o chefe espanhol que, tal como eu emigrou, para os EUA. Para além dos restaurantes, fundou a World Central Kitchen, que tem sido uma instituição de fins não-lucrativos fundamental nos últimos tempos--até quando há desgraças nos EUA, eles vão acudir--agora tem um programa de TV sobre a gastronomia espanhola. Trata-se de uma ideia super-gira: ele pegou nas três filhas, que são americanas, e levou-as a Espanha para fazer um percurso gastronómico e conhecer os pratos tradicionais. Desde que li o "Em Portugal Não se Come Mal", do Miguel Esteves Cardoso, que acho que alguém devia fazer um périplo culinário por Portugal. Depois há também o podcast "Longer Tables", onde ele entrevista amigos e outras figuras interessantes. Por falar em amigos, ele é amigo do Obama e do Zelensky, aliás vai frequentemente à Ucrânia ver como decorrem os esforços da World Central Kitchen. Desde Novembro que o José Andrés tem o seu retrato na National Portrait Gallery, em Washington, D.C. Porque tenho eu inveja? Porque Portugal não tem um José Andrés, nem ninguém que se pareça. Tem um Berardo que é o que é e, mesmo assim, não nos podemos queixar muito do Berardo porque ao menos gastou o dinheiro em arte. Imagine-se se lhe tivesse dado na telha de ter comprado sapatos. Que benefício teria a humanidade dos ditos sapatos?

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