segunda-feira, 2 de maio de 2016

Os números de Houston

Como vos disse antes, tive oportunidade de participar num evento em que a Greater Houston Partnership (GHP) recebeu a delegação de Portugal com o intuito de dinamizar as relações comerciais entre Portugal e os EUA. A primeira parte do evento foi um resumo das competências da área metropolitana de Houston como parceiro comercial. A visão que a GHP tem para Houston é tornar a cidade na sede (headquarters) das Américas, ou seja, atrair para Houston quem quer fazer negócio nas Américas.

É interessante ver o tipo de informação que os americanos usam para tentar convencer que esta cidade vale a pena -- em baixo, coloquei alguns links onde podem consultar a informação. Note-se o uso intensivo de estatísticas. Os americanos medem mesmo tudo e, só para verem o nível de detalhe, chegaram a dizer na apresentação que, de acordo com o último censo da população americana, cerca de 8.000 pessoas em Houston indicam ter ascendência portuguesa.

Quando apresentam a cidade nota-se uma mistura de orgulho e modéstia: disseram que a cidade era um pântano e não havia nada que a distinguisse no início, por exemplo, não tem praias de grande beleza, nem monumentos. Foi a vontade e a visão das pessoas que construíram a cidade e a dinamizam. Na lista de coisas que a fazem atractiva está também o facto de o Texas não ter impostos sobre o rendimento, há um sistema fiscal competitivo a nível local para as empresas, assim como incentivos regionais e estatais, para além de que o nível de vida não é tão alto como em Nova Iorque ou na Califórnia.

Houston é considerada a cidade mais variada dos EUA demograficamente e 25% da população nasceu fora dos EUA. Em média, recebeu 230.000 novos residentes anualmente entre 2009 e 2013, sendo que quase 60.000 desses vieram de outros países. Em 2014, o ritmo abrandou e Houston recebeu 157.000 residentes. Cerca de 40% da população de Houston fala uma língua que não o inglês e a cidade tem mais de 90 consulados estrangeiros. Todos os trimestres, a GHP actualiza as estatísticas da região e faz um pequeno sumário dos números mais importante; por exemplo, em termos de economia, se a zona metropolitana de Houston fosse um país, teria o ranking 26 em termos de PIB, maior do que a Noruega e atrás da Bélgica.

A infraestrutura física de Houston (portos, aeroportos, caminhos de ferro) também é relativamente boa -- eu acrescentaria que onde é má é mesmo nas estradas esburacadas do centro da cidade, mas isso também tem a ver com a cidade estar situada numa zona pantanosa em que o solo é instável e terem escolhido mal o tipo de tecnologia para construir as estradas. (Por falar nisso, no outro dia fiz um vídeo a conduzir numa zona esburacada. Irei partilhá-lo convosco brevemente.) O centro médico de Houston (Texas Medical Center) é o maior complexo médico do mundo, recebendo anualmente 7.2 milhões de pacientes, 16.000 dos quais internacionais. No resumo das competências da cidade, menciona-se que há mais de 92.500 engenheiros e arquitectos.

Também falaram nas dificuldades que a região atravessa por causa da queda do preço do petróleo, mas mencionaram que o choque está a ser bem absorvido porque a região está diversificada: por exemplo, é um local que recebe muitas conferências e a importância do centro médico também ajuda. Para além disso, como tem uma população mais jovem do que os EUA (33,5 vs. 37,4 anos), conta com maior crescimento populacional local.

No próximo post, vou falar-vos sobre a apresentação de Portugal.

5 comentários:

  1. Olá Rita! Aproveito para elogiar o V/ blogue que considero holisticamente brilhante. Gosto muito, muito dos seus posts. Genuínos, claros, emotivos e inteligentes.
    Relativamente ao facto dos americanos medirem tudo, eles são de facto imbatíveis, mas só através de indicadores se percebe o que, e como se pode melhorar. Em Portugal, ainda nos falta esta cultura de mensurar tudo aquilo que fazemos. Porque acredito que nós até fazemos.

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    1. Obrigada, Cristina. É um grande prazer escrever aqui em tão boa companhia. Dá mesmo vontade de darmos o nosso melhor e tentar melhorar sempre. Ainda bem que achas os posts interessantes; acho que o desafio do Luís, do blogue ser holístico, é a coisa que mais me inspira, pois dá para eu partilhar muitos aspectos da vida nos EUA e também de como viver Portugal estando fora.

      Beijinhos :-)

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  2. :-) e nós ficamos gratos por essa partilha! Agora aguardamos pela apresentação de Portugal. Beijinhos

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    1. Pois tenho de a escrever. A culpa é do Alf que ficou doente e do calendário por eu ter ficado mais velha. Mas ainda ontem estive a ler os meus apontamentos e a pensar no post. Ainda não decidi se merece dois posts ou apenas um.

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