sexta-feira, 6 de maio de 2016

Porquê investir em Portugal?

Na segunda parte do luncheon organizado pela Greater Houston Partnership (GHP), há uma semana, três oradores apresentaram Portugal e defenderam o país como uma boa oportunidade de investimento. Falaram primeiro Jim Westmoreland, o Cônsul Honorário de Portugal em Houston; depois Domingos Fezas Vital, o Embaixador de Portugal nos EUA, e finalmente Rui Boavista Marques, Director e Comissário na AICEP Portugal Global.

O Sr. Cônsul Honorário não falou durante muito tempo e, essencialmente, apresentou-se e disse que já tinha a honra de servir o país há bastantes anos.

O Sr. Embaixador concentrou-se em falar acerca da história, do multiculturalismo, e da afinidade que os portugueses têm com os americanos, dando também a impressão de que Portugal é um país dinâmico e na cúspide da inovação. Em média, os portugueses são mais proficientes em línguas estrangeiras e têm mais facilidade em aprendê-las do que os restantes europeus. Em inquéritos onde se pergunta acerca da atitude que as pessoas têm relativamente aos EUA, os portugueses demonstram consistentemente ter atitudes muito mais positivas.

Portugal foi apresentado como um país pacífico, em que a economia, que sofria de fortes desequilíbrios pré-2011, foi re-calibrada e encontra-se agora num caminho mais sustentável, tendo-se implementado mais de 500 medidas desde a intervenção da Troika. Mencionou-se que a OCDE considera que o pacote de medidas implementado por Portugal foi o mais ambicioso jamais executado por um país. Como curiosidade, foi também dito que missão espacial com destino a Marte utiliza tecnologia portuguesa e os tecidos portugueses com nanotecnologia são utilizados nos fatos dos astronautas americanos. O final da sua intervenção foi pontuado com a citação "Luck is what happens when preparation meets opportunity." e foi dito que Portugal estava mais do que preparado para aproveitar as oportunidades.

Coube a Rui Boavista Marques apresentar as métricas que substanciavam a ideia de que Portugal merece a pena como destino de investimento. Alguns dos slides de suporte da apresentação podem ser encontrados na página da AICEP -- como são bastante completos, vale a pena consultá-los. Irei apenas mencionar algumas coisas que me chamaram a atenção, sendo que algumas delas não estão nos slides gerais da AICEP.

Os EUA já são para Portugal o destino de exportações mais importante fora da UE e o Texas tem especial relevo. Portugal tem um superavit comercial com os EUA e, nos últimos anos, as exportações portuguesas mais do que duplicaram. Portugal já conseguiu atrair a atenção de grandes empresas americanas: a Cisco, a Microsoft, e a Apple têm operações em Portugal -- os call centers da Apple para a Europa estão localizados em Portugal.

Mais de 40% das pessoas que obtêm graus universitários fazem-no nas áreas de matemática e ciências e 61% dos portugueses fala pelo menos uma língua estrangeira. A qualidade da infraestrutura também foi mencionada, sendo que Portugal tem os seguintes rankings mundiais:

  • Qualidade de estradas: 4
  • Qualidade dos portos: 4
  • Transporte aéreo: 24
  • Caminhos de ferro: 25

O Porto de Sines foi falado várias vezes, pois, para além de ter uma localização geográfica estratégica e de ser um porto de alta profundidade, será menos movimentado do que outros portos no norte da Europa, logo será uma boa alternativa futura para o transporte inter-continental. No transporte aéreo, há planos para aumentar o número de vôos da TAP entre Portugal e os EUA. (Neste momento, é impossível ir directamente de Houston para Portugal. Eu diria que, em termos de oportunidade de negócio, Houston é extremamente importante, até porque é uma economia que oferece boas taxas de crescimento, e faria sentido analisar o mérito de implementar uma ligação directa.)

Também se falou muito nas start ups, no venture capital que as start ups portuguesas já conseguiram captar (por exemplo, a Farfetch), e na Web Summit que se irá realizar em Lisboa em 2016-2018. Julgo que um dos objectivos desta apresentação foi o de encorajar a GHP a participar na Web Summit de Lisboa.

Nas perguntas e respostas, alguém perguntou porque é que não se mencionou o turismo na apresentação e Rui Boavista Marques disse que Portugal já explora bastante o seu potencial turístico, mas está a tentar diferenciar-se e não quer especializar-se em turismo de massas.

3 comentários:

  1. Retrata uma visão de Portugal demasiado optimista mas se o objectivo era seduzir a GHP a participar na Web Submmit de Lisboa, não podia ser de outra forma.
    O mérito (pelo menos para já) de António Costa desde que se tornou 1º ministro foi afastar a palavra crise para bem longe de Portugal, não sei que pó de Pirlimpimpim utilizou, contudo resultou. A crise voou do léxico da maior parte dos portugueses.
    Que Houston se ligue a nós!

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    1. Concordo, é uma visão idealizada de Portugal, e eu até diria que não corresponde ao Portugal de um governo PS/PCP/BE.

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  2. Só não disse em que produto investir

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