domingo, 25 de junho de 2017

O working man

O meu amigo E. vive em Oklahoma, onde o conheci na Oklahoma State University em 1995. Agora que me recordo, acho que passei o Thanksgiving the 1997 com ele e com a família em Ponca City. É uma das pessoas mais inteligentes que conheço, mas é péssimo a gerir a sua vida profissional. Tem um curso de História, gosta especialmente de história militar, escreve divinamente, tem um sentido de humor maravilhoso, extremamente cínico e irónico, há um toque de "darkness" no homem. Começou o mestrado, mas não terminou. Uma vez mostrei-lhe um paper de economia que eu tinha escrito e ele olhou para mim incrédulo, como se eu fosse um "cadáver intelectual", e disse-me que era a coisa mais aborrecida que alguma vez tinha lido. Não me esqueço do tom da sua voz e do incómodo que senti porque, para mim, o que eu tinha escrito era bom e interessante.

Os empregos que tem são blue collar, duros fisicamente, e, sendo ele obeso, comendo mal, e não se cuidando muito bem, já tem problemas no corpo. Tem artrite, de vez em quando desenvolve tendinite, etc. Diz-me sempre que é desta que vai fazer dieta, vai deixar de beber bebidas gaseificadas, vai fazer exercício, mas esses planos futuros nunca se materializam num presente. Meses atrás, recebi notícia de que, finalmente, os planos eram mesmo seguros, havia sucesso garantido, assim que melhorarasse de saúde. Nos três meses anteriores, ele que se queixa do estado papá, tinha ficado incapacitado e teve de pedir "food stamps" e Obamacare. Tinha de fazer uma operação ao ombro antes que Trump fosse presidente, mas não fez porque diz que o enganaram quando foi comprar seguro de saúde e não comprou um que estivesse dentro do Obamacare: ou seja, comprou um caro sem grandes benefícios.

O último emprego de que me falou foi um de principiante num talho, onde ficou menos de um ano. No emprego anterior, chateou-se com o gerente porque estava com problemas nos ombros e não o deixaram trocar de função. Despediu-se no momento, sem ter poupanças, alternativa de emprego, ou seguro de saúde. Quando conseguiu o emprego no talho, chateou-se porque não lhe deram um emprego melhor, mas ele nunca tinha trabalhado com carne. Eu disse-lhe que era um princípio, ele podia fazer disso aquilo que quisesse, se se investisse pessoalmente no emprego. Não fui muito simpática quando lhe disse isto porque ele está nesta situação por escolha própria. Um homem formado podia perfeitamente sair dali e ir ensinar no secundário ou regressar à universidade e fazer um mestrado.

Ficou chateado comigo e com a minha "straight talk", mas alguns dias depois regressou e disse que eu tinha feito bem em malhar nele. Decidiu que ia manter uma mente aberta no talho e que o objectivo dele era eventualmente estudar e, daqui a dois anos, submeter-se aos requisitos para ser inspector de carne na USDA. Achei um plano bom, até lhe disse mais tarde que, quando se candidatasse à USDA, podia dizer que, como tinha trabalhado mesmo no manuseio de carne, teria uma perspectiva mais rica de quais os problemas que podiam ocorrer e de como conversar com as pessoas nesses empregos. Ele achou que eu era genial e que devia ter mais pessoas como eu a falar com ele.

Mas ser genial com os amigos não adianta nada: ele ainda está na mesma situação, pois desistiu do talho...

1 comentário:

  1. Costuma dizer-se que "os amigos são para as ocasiões" e também que a melhor ajuda pode consistir em encaminhá-los para profissionais como os seguintes:

    International Coach Federation (ICF)

    https://www.coachfederation.org/

    no Texas

    http://www.icfhomes.com/INYOURAREA.htm

    [8 endereços postais, quase todos com telefone e email]

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