domingo, 17 de janeiro de 2021

Version 2.258

Diz o povo que a tua fama longe soa e mais depressa a má do que a boa. Acordei e tinha no meu email um excerto de uma entrevista de Marcelo Rebelo de Sousa em que lhe perguntaram que posição tinha acerca da eutanásia e ele disse que não respondia porque era uma "antevisão" da sua posição.

Portugal não é uma monarquia em que ele tem direito ao trono, e também nos dizem que não é uma ditadura. Se ele quer representar os portugueses, tem obrigação de esclarecer a sua posição para que os eleitores saibam se lhes interessa ter um Presidente da República que se posiciona como Marcelo Rebelo de Sousa. Uma campanha é uma entrevista de emprego, em que o patrão são os portugueses, e, em democracia, um jornalista quando entrevista um candidato a Presidente defende os interesses do povo; não defende os intereses do candidato.

Há alguma explicação para o fraco contributo da comunicação social na edificação da democracia portuguesa? É uma vergonha a parcialidade com que os jornalistas tratam as eleições e não questionam nada que seja proferido pelo seu candidato de escolha. Ainda por cima, fazem isto depois de terem passado meses a fazer análises sofisticadas das eleições americanas, decerto traduções do que viam escrito na imprensa americana, mas nas eleições portuguesas limitam-se a ser papagaios de Marcelo Rebelo de Sousa.

Depois há aquelas falhas de lógica muito comuns em Portugal: se Marcelo Rebelo de Sousa acha que não deve dar satisfações a ninguém, porque é que decidiu dar uma entrevista? Fechava-se em casa, ajoelhado em frente a um santo, e rezava para que votassem nele. Seria uma campanha muito mais congruente do que andar a dar respostas como a que deu.

No meio disto tudo, a minha única consolação é que, com a Internet, tudo isto fica documentado para todo o sempre: os filhos, netos, etc. irão ver a bela figura que os portugueses de hoje andam a fazer.

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