quarta-feira, 13 de maio de 2015

Cantiga de amigo colorido

Corri mundo sem parar,

Sem me deter fiz de tudo,

Pito feito e bico mudo.

Dei co’as trombas no altar

Com um gajo façanhudo.

 

Não quis saber de fachadas.

Tinha um marido maricas

Que não suportava cricas,

Fui levar umas bem dadas

Do filho da tia Micas.

 

Fui do primo ao cunhado,

Da irmã passei ao tio

E ao senhor prior D. Pio.

Mostrei-lhes, em fofo estrado,

Orgias, quadras e trios.

 

E vieram mais amigos

Da família de renome

Dos que ninguém mais come.

O corno, cheio de umbigo,

Não me via passar fome.

 

Banqueiros e generais,

Deputados da nação,

Vieram comer-me à mão

Com ouros e outros sais

Ou com ovas de esturjão.

 

O lucro era bem-vindo

Mas o prazer muito mais.

Lá zarpei daquele cais;

A idade vai fugindo

Para brincar aos casais.

 

Tive na mão muita porra

De gente ilustre e garbosa.

Banhada em água de rosa,

Portei-me como uma zorra

Que ganha e ainda goza.


(Poema apócrifo dedicado ao programa das Quartas-feiras proposto pela Rita)

1 comentário:

Não são permitidos comentários anónimos.