terça-feira, 22 de março de 2016

Ainda a ditadura do politicamente correcto

Chamaram mulher ao Goucha no "5 para a Meia-Noite". O antigo apresentador do programa de entrevistas "Homem para Homem" passou-se e processou-os. A juíza, em vez de se limitar a dizer que chamar mulher a alguém é perfeitamente admissível num programa de sátira, argumentou que Manuel Luís Goucha estava a pedi-las pois usava muitos gestos de mulher, além de usar cores berrantes, típicas do "universo feminino".
Goucha, revoltado, recorreu ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, ou melhor dos Direitos do Homem, queixando-se da justiça portuguesa e dizendo que foi discriminado por ser homossexual. A decisão do TEDH saiu hoje. Por unanimidade, foi decidido que Goucha não tinha razão de queixa.

4 comentários:

  1. "A juíza, em vez de se limitar a dizer que chamar mulher a alguém é perfeitamente admissível num programa de sátira..."
    Isto a vida está cada vez mais complicada. Comecei por pensar: "Lá está. Insultuoso mesmo é chamar mulher a um homem." Mas depois pensei: "Não gostava nada que me chamassem homem." Nem num programa de sátira.
    Já agora, e a propósito de maneirismos, não sei se alguma vez usaram uma máquina antediluviana, um dictafone, e se experimentaram diminuir a velocidade de reprodução do som, o que tem por efeito transformar uma voz de mulher numa voz grave, de homem: fica exactamente, mas exactamente, a caricatura duma bicha. É alucinante porque, até ouvir, nunca imaginei que uma bicha teatral falasse como uma mulher, sempre pensei que fosse "outra coisa". Mas não, é igual a uma mulher com voz grossa!

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    1. Ah ah ah ah. Nunca experimentei, não sei.

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    2. É de chorar a rir! A minha chefe, então, ficava perfeita para a Cage aux Folles.

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    3. Na verdade, do meu ponto de vista, o que deveria ser sancionado, era a apresentação de um programa televisivo satírico. Assim, Homo, hetero, bi ou o que seja, não estaria sujeito à sátira. Mas é um velho habito lusitano, coisa que vem dos tempos de infância, gostar de adjectivar o outro mas, arregaçar logo as mangas se o outro retribui. Esteve bem no meio disto tudo, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. Vá lá, foi para compensar as escorregadelas.

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