A luta contra a discriminação sexual
não tem fim, nem tréguas. Há meses o piropo de teor sexual foi criminalizado.
Depois deste grande avanço civilizacional, ficámos, entretanto, a saber que a
antítese do piropo e do assédio também pode ser crime. Pedro Arroja chamou
“esganiçadas” às deputadas do Bloco e disse que “não as queria nem dadas”.
Resultado? Sujeita-se a cinco anos atrás das grades.
O Nuno Amaral Jerónimo perguntou aqui se
se deve dizer “meus amores e minhas amoras” e “colegas e colegas”. Não sei que
diga. Talvez seja melhor “colegas e colegos”. Dirão: ah, a discriminação sexual
só afecta as mulheres; por isso, que se lixem os “colegos”, os “economistos” e
os “camarados”. Pois, mas isto também pode não ser completamente verdade. Há
sempre a possibilidade de alguém sentir a sua masculinidade ofendida e preferir
que “as colegas” e “os colegos” lhe chamem “colego”.
Enfim, a confusão está instalada. A
Rita tem razão. É necessário um "um
guia da discriminação sexual". Para nosso descanso, o Bloco de
Esquerda é capaz de estar a tratar do assunto. Os Pedros Arrojas que se cuidem.
Vai deixar de ser possível continuar a ofender impunemente os “outros”. Mas
primeiro é preciso definir muito bem quem são “os outros”.
Sugiro que no dito guia haja também uma
lista com os nomes dos que podem (e merecem) ser enxovalhados à vontade: Cavaco
Silva, Passos Coelho, Donald Trump (um doido varrido), movimentos conservadores
e reaccionários de direita, Isabel Jonet, banqueiros, juízes brasileiros, etc. Claro que
estas listas têm de ser constantemente actualizadas. Por exemplo, o Tribunal
Constitucional já teve melhores dias. Houve um tempo em que qualquer crítica
aos seus acórdãos era considerada um desrespeito pelos textos sagrados, também
conhecidos como “Constituição”. Isto durou até ao dia em que a Marisa Matias
considerou uma vergonha a decisão dos juízes em restituir as subvenções a
políticos aposentados como João Soares ou Maria de Belém. Por outro lado, a
Merkel já não é uma Hitler, foi elevada à condição de humanista. Pelo que
talvez seja necessário nomear um comité de gente séria, honrada e imparcial,
cuja função seria actualizar permanentemente as listas. Pode ser que assim
tenhamos, finalmente, uma sociedade mais democrática, justa, tolerante e
respeitadora. Uma democracia a sério.
Uma sociedade mais democrática, justa, tolerante e respeitadora e com carruagens só para mulheres nos comboios:
ResponderEliminarhttp://www.jn.pt/mundo/interior/europa-ja-tem-carruagens-apenas-para-mulheres-5098844.html
Óptimo! Assim tenho menos concorrência nas mistas...
EliminarPedro ArrojO, JCA! A discriminação continua...
ResponderEliminarÉ verdade, bem visto, este problema não é nada fácil de resolver, estão sempre a surgir novas questões, que nem nos passaram antes pela cabeça
EliminarEsperem até os homens perceberem que, de burka, todos os gatos são pardos.
ResponderEliminarAh, esqueci-me disto: o destino desse comboio do apartheid é sintomático: Chemnitz chamou-se, no glorioso período da defunta, mas não saudosa, República "Democrática" Alemã, Karl-Marx-Stadt. "Assediadas de todo o Mundo: Uni-vos!"
EliminarGrande slogan.
EliminarNinguém se lembraria, contudo, de olhar para os alemães como inspiração de democracia, da tolerância e por aí fora, apesar dos esforços de Immanuel Kant. Como fabricantes de automóveis e televisores e como competentes organizadores de vastas burocracias, sim (declaração de interesse: corre-me nas veias, para o bem, mas talvez mais, para o mal, volumosa quantidade de sangue germânico, de fresca data e atestado pela Kulturgutschutzgesetz.
ResponderEliminarPor outro lado, mesmo sem burka, há muito gato que é pardo.
E depois, como lembrou alguém e muito bem, há o problema dos picas. Ou das picas. Ou dos picos que têm de ser picas. Enfim, vocês percebem-me.
ResponderEliminarPedro Arroja reage:
ResponderEliminar«Duvido que alguma vez venha a ser notificado. A CIG e a procuradora, talvez com a ajuda das deputadas do BE, atiraram aquilo para a imprensa para ver se pegava na opinião pública. Se pegasse, avançava, se não pegasse, esquecia. Não pegou, quase de certeza vai esquecer.
A CIG e a Dra. Diana estão habituadas a lidar com cobardes, como normalmente são os homens que batem em mulheres. Desta vez vai ser diferente, caso decidam avançar.
Quanto às deputadas do Bloco de Esquerda, não retiro nem acrescento uma palavra ao que disse. São figuras públicas, estão sujeitas a esse estatuto. Metem-se no fogo e depois não querem apanhar o calor.
Caso se venha a verificar o confronto entre mim e a CIG, com as deputadas do BE e a Dra. Diana a ajudarem de um dos lados, estou absolutamente confiante que vou prevalecer.»
http://portugalcontemporaneo.blogspot.pt/2016/03/o-tempo-do-salazar.html