Hoje li também uma notícia acerca das mulheres sobreviventes dos campos de violação do Boko Haram, na Nigéria, que vinha no Washington Post. Essas são rejeitadas pela sociedade onde se inserem. Há desconfiança porque não se sabe se foram convertidas ao terrorismo, outras ficaram grávidas dos violadores e as pessoas têm medo das crianças que nasceram dessas violações. E todas elas têm uma coisa em comum: por terem sido violadas são consideradas mulheres impuras pela sociedade em que se inserem.
Senti-me impotente, culpada até, por não fazer nada para ajudar essas pessoas. O nosso mundo é um sítio extremamente cruel. Não consigo compreender tanta desigualdade. A única coisa que me diferencia dessas mulheres é o sítio onde nasci. Se eu tivesse nascido no mesmo sítio que elas e na mesma altura, a cor da minha pele seria diferente, os meus direitos diferentes, as minhas oportunidades diferentes, os riscos que eu correria diferentes de tudo o que eu vivi. A minha vida é toda fruto do acaso: do sítio onde nasci e da altura em que nasci. Esses factores são os mais importantes.
Rita, deixe-me citar um trecho do que escreve: "Se eu tivesse nascido no mesmo sítio que elas e na mesma altura, a cor da minha pele seria diferente, os meus direitos diferentes, as minhas oportunidades diferentes, os riscos que eu correria diferentes de tudo o que eu vivi.". Sim, tudo muito certo, sem sombra de dúvida. Mas ao ter nascido numa cultura diferente, numa sociedade diferente, sentiria tudo isso, também, de forma diferente. Sentiria à luz da cultura onde essas coisas acontecem e onde teria nascido e não à luz da cultura ocidental.
ResponderEliminarUma pequena nota. A violação como arma de guerra é algo muito antigo e, grosso modo, em todas as guerras acontece. Essa reacção de repulsa pelas mulheres violadas é também comum. Aconteceu, aliás, na Europa muito recentemente, no rescaldo da guerra na Jugoslávia e, anteriormente, tinha acontecido na Alemanha com as mulheres violadas pelos homens do Exército Vermelho.
Rita, obrigada por este texto. Gostei muito de ler.
ResponderEliminarRita, obrigada por este texto. Gostei muito de ler.
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