segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Version 2.266

Acompanhei os discursos desta noite e parece que o grande vencedor foi André Ventura e, ainda por cima, estas eleições clarificaram uma estratégia de crescimento para o Chega no Alentejo, à custa dos comunistas. Falou-se muito em preservação da democracia, mas numa democracia tem de haver oposição e, em Portugal, neste momento, o único partido que faz oposição é o Chega, logo não me surpreende que muita gente vote apesar de não concordarem com tudo o que ele diz. Muitas pessoas estavam curiosas acerca da demissão de Ventura e se isso o iria arrumar de vez, mas parece-me que ao demitir-se e voltar a concorrer, a sua reeleição apenas o enfortalecerá, ou seja, ficar em terceiro até é capaz de ter sido melhor do que ter ficado em segundo, pois força os seus eleitores a comprometerem-se com o projecto com mais afinco.

Achei o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa absolutamente patético. Deu uma lista de coisas que há a fazer, muitas delas que podiam ter sido feitas durante os últimos cinco anos. Resumindo, o discurso de vitória foi um discurso de falhanço, um rol de razões pelas quais ele não merecia os votos que teve. E teve esses votos apenas porque é o candidato mais popular, as pessoas habituarem-se a vêlo na TV há anos. Se Marcelo não tivesse concorrido, para onde iria a maioria dos seus votos? Penso que o mais provável seria André Ventura.

Perante o resultado das eleições, António Costa pede a Marcelo "profícula cooperação institucional", o que é um pedido incompreensível. Na CRP, a figura de PR serve para fiscalizar o governo, não serve para cooperar com o governo. Mas, pronto, a minha ideia de António Costa é que teve sorte, não me parece ser particularmente inteligente, mas também não é burro o suficiente para não aproveitar a sorte que tem. Para além disso, em terra de cegos, quem tem um olho é rei, e os outros políticos são bastante medíocres.

O PS irá ganhar as próximas eleições e os próximos cinco anos de MRS irão continuar a ser de empobrecimento para o país. Para além de não ter estratégia de crescimento para a economia, o PS depende de uma estratégia de distribuição bifurcada: em Portugal, retira recursos dos mais pobres para manter o eleitorado com as cativações; a nível da UE, conta com transferências dos países ricos para desacelerar o empobrecimento do país. Só que desde a crise da dívida soberana, essas transferências da UE têm um preço que é a desgraça. O país consegue mais dinheiro quando vai à bancarrota, quando há incêndios, quando os números da pandemia pioram... E irá continuar a ser assim, até porque quem morre não vota, mas quem morre ajuda a conseguir mais dinheiro para os que sobrevivem, que são os que votam.

1 comentário:

  1. Vejo que gostou tanto de Trump nos Estados Unidos que deseja o mesmo para Portugal.

    É por isso que veio para aqui debitar propaganda. Quando diz que o PCP está a perder votos para o Chega está a fazer uma coisa chamada de falsa equivalência. É basicamente dizer "Estão a ver como são ambos extremistas? É tudo igual ao litro". Como referência é semelhante ao "very fine people" de Trump. E claro que é objectivanente falso.

    Os votos de Ventura vieram de onde sempre vieram: do PSD e do CDS.
    https://www.google.com/amp/s/www.dn.pt/politica/amp/o-socialista-marcelo-e-o-emprestimo-do-psd-a-ventura-13277070.html

    E a diferença entre a votação do PCP relativamente às ultimas presidenciais é de 2500 pessoas.

    https://mobile.twitter.com/AFN1982/status/1353486197381853184/photo/1

    Já agora, o seu "grande vencedor" destas eleições ficou em terceiro. O Marcelo, homem de centro-direita, candidato pelo PSD e incumbente, fez história ao ganhar de forma esmagadora estas eleições em todos os concelhos (ninguém o conseguira antes) sem sequer fazer campanha.

    Se a Rita fosse da direita democrática como afirma, faria sentido falar destes pontos.

    Preferiu usar este espaço para debitar a propaganda do facho. Mais uma vez...

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